Ministro da Saúde defende restrição de circulação de pessoas
Posição é contrária à do presidente Jair Bolsonaro e alinhada às recomendações da Organização Mundial da Saúde
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Da Redação
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Contrariando posicionamento públiico do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu, neste sábado, 28, na coletiva diária sobre as atualizações sobre o combate ao coronavírus, a diminuição de circulação de pessoas. Segundo ele, é necessário ter racionalidade e não agir por impulso. O estabelecimento de quarentena para a população é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o enfrentamento da doença.
Para o ministro, a determinação de paralisação no país tem reduzido os casos de acidentes e traumas, por consequência, mais leitos ficam disponíveis para outras situações. Ele afirmou que há registros de até 50% do nível de taxa de ocupação. Mandetta falou ainda que é importante diminuir a sobrecarga do sistema de saúde para que haja tempo do governo comprar equipamentos de proteção para profissionais de saúde. Segundo ele, apesar de o Brasil estar negociando a compra dos produtos com a China, há uma dificuldade de transporte destes equipamentos para o Brasil.
"Mais uma razão para ficar em casa, parados, até que a gente consiga colocar os produtos nas mãos dos profissionais de saúde que precisam. Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar para o risco, para o pobre, para todo mundo. Tem que ter racionalidade e não nos mover por impulso. Vamos nos mover como eu digo desde o princípio, pela ciência, pela parte técnica e com planejamento", afirmou.
O ministro da Saúde pediu para que todas as capitais do Brasil tenham, pelo menos, um voo, em horário estabelecido diariamente para entrega de material. Segundo ele, o Ministério da Infraestrutura está trabalhando para criar uma estratégia para recompor uma logística nacional de transporte.
Sobre o fim da quarentena defendida por Bolsonaro, o minstro disse: "Ainda não dá para falar libera todo mundo para sair, porque não estamos tendo nem condições de chegar com o equipamento just in time como a gente precisa", afirmou. Segundo ele, o momento é de ter racionalidade e não de nos movermos por impulso. "Essa epidemia é totalmente diferente da (epidemia) H1NI. Existe uma diferença enorme", afirmou.
Mandetta disse que quem fizer comparações com gripes como H1NI, vai errar feito. "Esse vírus ataca o sistema de saúde e a sociedade, ataca logística, educação, economia", afirmou.
Em uma defesa da atuação conjunta com secretários estaduais de saúde, Mandetta disse que é preciso atuar junto. "Esta semana vamos construir um consenso com os secretários de saúde. A gente vai ver que pode estar perdendo a guerra (para a doença), vamos apertar (as restrições). Onde tiver melhor, podemos afrouxar. Mas vamos devagar e juntos", disse.
Mandetta alertou ainda que, apesar da maioria dos óbitos ocorrer na população acima de 60 anos, há jovens que desenvolvem quadro respiratório mais grave.