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Maysa Polcri
Publicado em 20 de junho de 2024 às 05:00
O São João já está batendo na porta, mas os telefones de pousadas das cidades mais badaladas no período junino não param de tocar. No Hotel de Lençóis, na Chapada Diamantina, todos os 50 quartos estão reservados para o final de semana e o feriado do dia 24. Por lá, a procura começou há três meses, em março. Quem deseja curtir os municípios famosos, tem que estar disposto a gastar: diárias ficam até 300% mais caras na Bahia durante a alta temporada.
Dário Campos, proprietário do Hotel de Lençóis, conta que a procura começou mais cedo neste ano e foi suficiente para lotar os 50 quartos. Quem reservou a acomodação para duas pessoas entre os dias 21 e 24 de junho, desembolsou R$ 4 mil. O preço é 300% mais caro do que na baixa temporada, quando a hospedagem custaria R$1 mil.
“Nosso hotel está cheio e, pelo que estou vendo, a procura está grande em toda a cidade. As pessoas ligam e estamos recusando porque já está tudo fechado. Estou até sem saber onde ainda tem vaga em Lençóis”, conta Dário. O aumento de preços, resultado da procura maior, é prática comum no interior baiano durante o São João.
Em Cruz das Almas, quase todos os pacotes de hospedagem foram fechados há três meses na Pousada da Praça. A localização privilegiada, no centro da cidade, próximo onde acontecerão os shows mais esperados, ajuda a entender a procura antecipada. O ano nem tinha virado quando, em 2023, turistas já tentavam reservar algum dos 20 quartos da pousada. A diária para o quarto para duas pessoas foi de R$ 600 neste São João. Fora da época junina, a mesma hospedagem sai por R$ 150.
“A demanda está tão grande que estamos precisando recusar os clientes. Se tivéssemos mais quartos, com certeza conseguiríamos alugar. O telefone e o WhatsApp não param o dia inteiro”, comemora Luciene Castro, gerente da Pousada da Praça. O único quarto disponível para hospedagem entre a sexta (21) e segunda-feira (24) não têm ar-condicionado e nem ventilador. A maioria dos turistas são de Salvador, Feira de Santana, além de estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
A Prefeitura de Cruz das Almas espera receber 500 mil pessoas ao longo dos cinco dias de festa. Entre as atrações confirmadas estão Wesley Safadão, Mari Fernandez e João Gomes. A estimativa é que os festejos juninos movimentem mais de R$ 40 milhões na economia local. Um levantamento da reportagem feito com dez pousadas do interior baiano indicam que as diárias custam, em média, R$ 600 no São João.
Colocar um colchão a mais em um quarto também custa caro. Uma pousada em Riachão Do Jacuípe, por exemplo, cobra até R$ 95 para mais uma pessoa dormir no chão da suíte master com banheira. No quarto com ventilador, o colchão custa R$ 65 a mais na diária.
O diretor de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis na Bahia (ABIH-BA), Thiago Sena, compara o aumento de preços, no São João, com o que acontece em Salvador durante o Carnaval. "Não temos um levantamento de preços de diárias no interior do estado, mas o que sabemos é que os preços sobem muito nessa época. A demanda cresce e os preços chegam a triplicar em alguns casos", afirma.
Segundo Thiago Sena, as cidades mais procuradas costumam ser as mesmas em todos os anos. "O volume de procura é significativo em muitas cidades e, ano após ano, vemos uma certa repetição de cidades como Cruz das Almas, Amargosa, Senhor do Bonfim, Ibicuí, Lençóis, entre outras, que lotam com certa antecedência", completa.
No Hotel Maranata, em Senhor do Bonfim, 90% dos quartos já estão reservados para os dias entre sexta (21) e segunda (24). As opções que sobraram são de vagas “quebradas”, como explica Aldenia do Nascimento, dona do hotel. “A procura sempre é grande aqui na cidade e este ano não foi diferente. Acredito que, em comparação com o ano passado, aumentou cerca de 20%. Nós só temos diárias disponíveis, mas os pacotes para todos os dias de festa já esgotaram”, conta.
Serão seis noites de shows na cidade, com 22 atrações que se apresentarão em dois circuitos: Espaço Gonzagão, no Parque da Cidade, e Circuito Assis do Acordeon, na Praça Nova do Congresso. A técnica de enfermagem Maria Clara Souza, 29, vai passar o São João em Senhor do Bonfim pela primeira vez. Ela alugou uma casa com outros cinco amigos. Cada um pagou R$ 500 pela hospedagem entre os dias 21 e 24.
“Estou muito animada porque é um lugar que não conheço, mas sempre ouvi coisas boas. Achei o preço razoável, bem parecido com o de outras cidades que eu e meus amigos procuramos”, diz Maria Clara. Para quem ainda busca hospedagem na cidade, o Hotel Nobre oferece três diárias por R$ 1.500.
O projeto São João 2024 é uma realização do jornal Correio com apoio do Sicoob.