Trabalhadores de educação começam a ser vacinados contra covid-19 no dia 26
A expectativa é de que 396 mil doses da vacina contra covid-19 cheguem à Bahia nesta sexta-feira (16)
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Marcela Vilar
marcela.vilar@redebahia.com.br
A vacinação na Bahia avançará para mais uma fase nos próximos dias: serão imunizados os trabalhadores da educação. Eles já estavam incluídos no Plano Nacional e Estadual de Imunização desde o início, porém, na 4ª fase. Agora, o governo do estado antecipou a categoria. A decisão saiu no Diário Oficial do Estado da Bahia (DOEBA) desta quinta-feira (15). Segundo o secretário municipal de Saúde, Léo Prates, esses profissionais devem começar a ser vacinados a partir do dia 26 de abril.
“Hoje [ontem] mais cedo, tive uma reunião com o secretário [municipal de Educação] Marcelo Oliveira, e fizemos uma conferência com o secretário estadual [de Educação] Jerônimo Rodrigues. Já estamos com a estratégia desenhada e fazendo o levantamento dos públicos”, explica o secretário Léo Prates, em entrevista ao Bahia Meio Dia. Ele informou, ainda, que não serão somente professores a serem vacinados. “É a merendeira que trabalha numa escola, o agente de portaria, por isso que a denominação utilizada pelo Ministério da Saúde é trabalhador da educação e não só professor”, completou Prates.
Assim que esse levantamento for feito, os municípios baianos poderão começar a estratégia de vacinação para os referidos grupos. “Acredito, que até segunda-feira, dessa a oito, nós começaremos. Qual é a única dificuldade nesse momento? É traçar uma estratégia e levantar os públicos, já que nós não estamos falando só de professores”, esclareceu o secretário.
A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) confirmou a informação. “Já há um alinhamento da CIB [Comissão Intergestora Bipartite] autorizando o início da imunização dos professores a partir do dia 26. Está autorizado para o início a partir desse dia, mas dependemos do envio das doses pelo MS para fazer a programação em Salvador. Assim que possível, vamos iniciar a imunização do público na cidade”, detalha a SMS.
Pela resolução da CIB, serão vacinados profissionais que tenham de 55 a 59 anos. O documento também prevê que os municípios que finalizarem a etapa de 59 a 50 anos do grupo das forças de segurança e salvamento poderão avançar para o grupo de 49 a 45 anos. Além disso, o próximo grupo a ser vacinado será o das pessoas com comorbidades ou doenças crônicas, de 18 a 59 anos. Apenas os municípios que finalizarem a etapa da vacinação de idosos acima de 60 anos poderão iniciar essa fase.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), são 1.560 trabalhadores da educação em Salvador nessa faixa etária de 55 a 59 anos, de agente de portaria até gestores. No total, de todas as faixas etárias, a rede tem 13.143 pessoas, sendo 7.684 professores. A Secretaria Estadual de Educação afirmou não ter o número da rede estadual, e que o dado seria obtido junto ao Conselho Estadual de Educação da Bahia. O Conselho, por sua vez, disse que nunca teve esse levantamento.
O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-BA) estima que são cerca de 34.134 professores e 37.000 auxiliares na Bahia, na rede privada, de todas as idades. Já a estimativa da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) aponta 211.781 trabalhadores da educação. Os que não estão na ativa não terão direito à vacina neste primeiro momento.
Não é necessário que as cidades terminem a vacinação dos idosos acima de 60 anos para iniciarem a imunização do corpo educacional, porque já foi autorizado pela CIB.
Sindicatos e professores comemoram antecipação da vacina O presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA), Rui Oliveira, comemorou a priorização da categoria. “É uma luta da APLB e da CNTE [Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação] que agora vai ser realizada, uma vitória da categoria, que lutamos desde o ano passado para ser colocada na linha de prioridade”.
Oliveira reforça que o sindicato só voltará a dar aulas presenciais após a vacinação de todos os professores. “Temos uma decisão de só voltar depois de vacinados, com a primeira e segunda dose. É uma boa notícia, mas tem que vacinar todo mundo, independente de idade, e não só uma faixa etária”, concluiu. Segundo ele, são 750 mil trabalhadores de educação na rede pública - incluindo zeladores, merendeiras, porteiros e auxiliares – na Bahia.
O Sinepe-BA também considerou a antecipação positiva. “A vacinação dos professores de 55 anos ou mais é extremamente positiva, embora, a média de idade na rede particular, especialmente a educação infantil, seja muito mais baixa. Entretanto, com os protocolos já existentes e o início da vacinação dos professores, acreditamos que a percepção de segurança está aumentando", pondera o diretor financeiro e porta-voz do Sinepe-BA, Jorge Tadeu Coelho. O Sindicato acrescenta ainda que “entende que os profissionais da área de educação devem ser prioridade”.
Apesar de ter gostado da iniciativa, a professora e doutora em educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Verônica Domingues, 43, acredita que a medida seja incoerente. “Penso que a educação é sim uma atividade essencial à população, porém num contexto de pandemia, ela precisa ser garantida conforme o direito à vida. O direito da educação não se sobrepõe ao direito à vida e não pode ficar apenas vinculada à atividade presencial, precisam ter políticas públicas de testagem e vacinação em massa, de todos os grupos sociais”, pontua a professora.
Verônica critica que, mesmo que a categoria seja toda imunizada, outras ainda não estarão, o que não impedirá a circulação do vírus. “Me preocupa o retorno das atividades presenciais sem a maior parte da população estar vacinada, porque o vírus vai continuar circulando e infectando as famílias dos alunos, dos trabalhadores de transporte público. Considero um contrassenso sem ter o mínimo de garantia que essa população não vai ser colocada em risco”, argumenta Domingues.
Mais doses A Bahia receberá 396 mil novas doses da vacina contra a covid-19 nesta sexta-feira (16). Serão 157 mil doses da CoronaVac e 239 mil doses da vacina de Oxford/Astrazeneca, segundo informe do Ministério da Saúde (MS). O CORREIO adiantou a informação na quinta-feira, 15, em primeira mão.
Nesta semana, serão 6,3 milhões de doses que o órgão entrega para os estados e municípios brasileiros, divididos proporcionalmente. Antes dessa remessa, a Bahia tinha recebido 3.274.950 de doses do Ministério da Saúde, sendo 2.509.200 da Coronavac, e 765.750 da vacina de Oxford/Astrazeneca.
O secretário de saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, havia informado, na terça-feira (13), que 500 mil doses chegariam na quinta (15) em território baiano, o que não ocorreu. Ao CORREIO, o Ministério disse que nunca havia comunicado que esse quantitativo seria enviado ou que a entrega seria nesta data. A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) explicou que o secretário usou uma estimativa, com base no quantitativo populacional da Bahia, de 8% em relação ao total do Brasil.
Com esse novo lote, a vacinação da primeira dose, que estava interrompida na capital baiana desde a segunda-feira (12), voltará. Há quatro dias Salvador segue vacinando somente os idosos e trabalhadores de saúde com a segunda dose e os que estavam já agendados com a Vacina Express. Além da capital, outros 131 municípios baianos usaram todo o estoque da vacina de primeira dose, o que também significa que eles interromperam a vacinação, segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).
Porém, no município de Jussiape, no Centro Sul baiano, a imunização ocorre normalmente. A informação foi confirmada pela reportagem com a secretária municipal de saúde, Simone Aguiar. A cidade estava com maior percentual de aplicação de doses em relação ao total recebido, de 112,8%. de acordo com o painel de cobertura vacinal da Sesab. Isso ocorre, segundo a Fiocruz, porque no envasamento, as ampolas, que geralmente têm 10 doses, podem receber até duas doses a mais.
Fiocruz entrega 5 milhões de doses ao Ministério A Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz), no Rio de Janeiro, que produz a vacina de Oxford/Astrazeneca, em parceria com o consórcio formado entre a universidade britânica e o laboratório sueco, entregarria 5 milhões de doses ao Ministério da Saúde até essa quinta-feira, 15. A Fiocruz já enviou 2,2 milhões de doses ao órgão na quarta-feira (14) e as demais 2,8 milhões estavam previstas para essa quinta. O MS explicou que essa remessa será enviada aos estados nos próximos dias e que demora em torno de uma semana para organizar a logística, aprovação dos frascos pela Anvisa e escolha dos voos comerciais.
*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro