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Sabatina: Bacelar diz que emprego é prioridade e promete 100 mil vagas


 

Candidato disse que abrirá trabalhos temporários destinados à conservação e limpeza de bairros e vagas de cuidadores de crianças e idosos, entre outras

  • Da Redação

Publicado em 20/10/2020 às 17:20:47
Atualizado em 08/05/2023 às 01:49:08
. Crédito: Foto: Divulgação

Terceiro candidato participante da série de sabatinas do CORREIO das Eleições Municipais 2020, João Carlos Bacelar (Podemos) apresentou aos leitores do jornal, nesta terça-feira (20), as propostas que pretende implementar em Salvador, caso seja eleito. Embora tenha trajetória política voltada para a defesa da educação, o administrador e deputado federal trouxe projetos de gestão com foco na economia e geração de empregos.

Ao responder à pergunta inicial sobre qual problema considera mais urgente na cidade, ele foi categórico em dizer que o desemprego, na sua opinião, é o maior de todos e prometeu criar 100 mil vagas de emprego se ganhar o pleito deste ano. 

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“Vivemos numa das capitais com maiores índices de miséria, numa cidade que não tem investimentos porque a política da atual administração, de arrocho tributário, fez com que os investimentos fugissem de Salvador. Associado ao desemprego, temos uma política educacional que não avança. Então, não tem emprego e mão de obra preparada, e você entra num ciclo vicioso de pobreza e miséria”, disse.

Bacelar prevê que, com o fim do auxílio-emergencial do governo federal em dezembro, a economia da cidade pode "ficar em frangalhos" e pretende gerar vagas de emprego com trabalhos temporários destinados à conservação e limpeza de bairros, além de cuidadores de crianças e idosos. Conforme os seus planos, R$ 90 milhões da arrecadação do IPVA aos quais a prefeitura tem direito podem ser destinados para esse projeto. 

Defensor da regularização de jogos de azar, como o jogo do bicho, Bacelar é coordenador de uma frente parlamentar na Câmara dos Deputados que enviou para votação em plenário um projeto de lei para liberar a atividade, proibida no país desde 1946. Segundo ele, estima-se que, mesmo na ilegalidade, o segmento movimente cerca de R$ 60 milhões no Brasil e gere 650 mil empregos diretos. 

“Num país que não cresce, com o PIB decrescendo e que vive quase exclusivamente do agronegócio, como se pode abrir mão de uma cadeia produtiva riquíssima como essa? Por que deixar na clandestinidade? Só serve para aumentar a corrupção. Se o jogo for oficializado no Brasil, imediatamente, só o bicho, deve gerar 450 mil empregos. Fora o turismo, os shows, a indústria hoteleira. Onde tem jogo, tem renda. O jogo só é proibido na hipocrisia de parcelas da sociedade brasileira”, comentou.

O candidato apresentou ainda a sua proposta de “micromobilidade”, que é uma aposta no transporte alternativo dentro dos bairros para desafogar os centros da cidade. Dessa forma, localidades como o Complexo do Nordeste de Amaralina terão linhas menores, que levarão para as estações alimentadoras, como o metrô. 

Em resposta às perguntas de dois leitores que assistiam ao vivo, Bacelar disse que investirá em políticas públicas contra a intolerância religiosa, sobretudo contra as religiões de matriz africana; que adotará o ensino de educação sexual nas escolas e promoverá a capacitação da população travesti.

Com um passado político associado ao carlismo, Bacelar mais recentemente se aliou ao PT e foi perguntado sobre qual espectro se identifica mais. O candidato disse que ajudou nas campanhas eleitorais que elegeram ACM Neto a deputado federal e prefeito da cidade de Salvador, mas suas convicções mudaram com o tempo. 

Cultura No bloco de perguntas de especialistas, foi sorteado o questionamento da professora de política cultural e cineasta Ceci Alves, que quis saber se o candidato tem um pensamento estratégico voltado para a área cultural que não seja apenas a criação de editais e repasse de verba pública. 

Bacelar respondeu: “O que nos diferencia é a nossa força cultural, a riqueza do patrimônio ancestral que temos nessa cidade. Nós vamos resgatar as ideias de Anísio Teixeira, de educação em tempo integral e escolas parque, e a cultura será essencial nisso. Ela também precisa estar associada ao turismo para a geração de emprego e renda. Nós precisamos de um turismo cultural, de fortalecer o teatro e incentivar projetos como o Neojibá”, propôs.

Educação Condutor da sabatina, o editor do CORREIO Donaldson Gomes indagou como o candidato pretende conduzir a retomada das aulas nas escolas públicas municipais, se eleito. 

Ex-secretário de Educação de Salvador na primeira gestão de ACM Neto, Bacelar lembrou que a capital está há quase 210 dias sem aulas, com mais de 300 mil crianças e jovens fora das escolas, o que, ao seu ver, traz “reflexos tremendos", como o risco de se gerar uma evasão escolar, criar uma geração analfabeta — entre os que estão na faixa de 0 a 6 anos —, e, no anos finais do ensino, o desamparo no preparo para o Enem e o mercado de trabalho. Mas justificou que “a vida é mais importante do que a educação”. 

Para ele, só será possível voltar às aulas presenciais em cidades em que a covid-19 esteja controlada. Será necessário fazer um levantamento da infraestrutura das escolas para ver se dispõem de salas ventiladas, pias para lavar as mãos e professores suficientes para atender à proposta estadual de turmas divididas — solução encontrada para aumentar o distanciamento social. 

“Nossas escolas não têm internet banda larga, não têm equipamentos, nossos professores não estão preparados para, de uma hora para outra, virarem youtubers. Nós não temos tradição em ensino à distância. Não temos professores treinados para isso. Dentro de casa, não temos ambiente familiar para que o aluno estude. Ele não tem computador, o máximo que tem é um celular com um pacote de dados que não segura uma aula”, ilustrou. 

A saída, na visão dele, deve ser o envio de apostilas com conteúdos e exercícios, além de acompanhamentos individuais de cada aluno, aliados às atividades remotas, mesmo que “inócuas”. 

Comércio No bloco de perguntas enviadas pelas entidades, foram sorteados três questionamentos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), da Associação de Revendedores de Veículos Seminovos da Bahia (Assoveba) e do grupo empresarial Business Bahia, que reúne 250 gestores e empreendedores.

A CDL quis saber: Considerando que o setor de serviços, ao qual pertence o segmento de comércio, representa 70% da economia de Salvador, qual a sua proposta para ativar e apoiar este setor?

Bacelar: “Vamos ter um programa de refinanciamento de dívidas tributárias. Vou desburocratizar a formalização das atividades comerciais. Não dá para esperar 2 a 3 meses por um alvará. Tenho propostas específicas para o comércio de bairro, vou governar para os bairros e a partir dos bairros. Vamos ter um programa de compras locais, em que as obras da prefeitura nos bairros vão direcionar as compras para casas comerciais nesses bairros. Vamos criar a moeda social, que só poderão ser descontadas no comércio do bairro. Assim, vou garantir que o recurso gerado no bairro vai ficar no bairro e gerar mais riqueza. Vamos criar o banco de crédito popular, 20 Bancos do Povo, que emprestam pequenos valores sem burocracia”

Presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Seminovos da Bahia (Assoveba) Ari Pinheiro Jr. perguntou: A Assoveba sempre faz feirões em lugares privados e gostaríamos de ter a concessão para fazer em parques ou espaços públicos a exemplo da Arena Daniela Mercury. Caso seja eleito, acredita que é possível disponibilizar esses locais para feirões de carros seminovos?

Bacelar: “Não vamos ser uma prefeitura contra o povo, contra o lojista. Vamos disciplinar essa venda no Parque de Exposições, que está subutilizado e com destino em discussão. A área do parque pode ser aproveitada para as feiras dominicais de veículos. A prefeitura será parceira do empreendedorismo. Quem passa aos domingos no Parque de Exposições vê a pujança que tem isso, então temos que entrar para organizar e não para impedir”.

A Assoveba respondeu que seu interesse maior é mesmo na Arena Daniela Mercury, na Orla da Boca do Rio, com a possibilidade de realizar até quatro eventos ao ano. Segundo Ari Pinheiro, hoje uma única pessoa explora a realização de eventos no Parque de Exposições e a intenção da associação é fazer um feirão de lojas de revenda associadas.

“Hoje a gente faz em locais privados, alugando, mas se a gente fizer em área pública, a gente consegue pagar os impostos, ter a área de uma forma mais barata. A locação de lugares privados é muito caro para nós, e tendo esse auxílio da prefeitura cedendo um local para a gente fazer um evento, conseguimos mais recursos para dar publicidade ao feirão, por exemplo”, argumenta.

Líder do grupo empresarial Business Bahia, Carlos Falcão enviou: A reforma tributária em análise no Congresso Nacional, quer seja a CBS ou o IVA, se aprovadas, representarão um aumento brutal de carga tributária para o setor de serviços. Salvador é uma cidade com grande vocação nesta área e nesse contexto será muito prejudicada se isso ocorrer. Se eleito, como irá se posicionar em relação a isso? O senhor é favorável a unificação do ISS com o IVA, conforme proposto pela Pec 45?

Bacelar: "Pessoalmente, sou contra os dois projetos de reforma tributária que estão no Congresso e na Câmara. Não podemos aumentar a carga tributária no Brasil, já é uma carga muito pesada, principalmente em impostos que tem caráter reversível. Defendo que quem pode pagar tem que pagar, e isso não acontece no Brasil. Uma lancha de altíssimo luxo não paga IPVA, um carro popular paga. O que justifica isso? O salário do trabalhador, o imposto de renda vai em cima, na fonte, já leva. Os lucros e dividendos das empresas não são tributados. Eu defendo tributação de herança, de lucros e dividendos, e uma reforma tributária ampla que tem que ser decidida fora de período eleitoral".

Ao fim da sabatina, João Carlos Bacelar agradeceu o convite e disse que deseja governar para o povo, estabelecendo alianças com as pessoas. “Iniciativas como essa contribuem para que a população de Salvador tenha consciência de sua própria existência. As melhores soluções não virão dos meus técnicos, mas do povo”, encerrou. 

A sabatina é realizada pelo jornal CORREIO e tem apoio do E Estúdio e ITS Brasil.