Parada LGBT leva diversidade e religiões de matriz africana para a Avenida Suburbana
6ª edição do evento no surbúbio de Salvador reuniu gays, simpatizantes e povo de santo contra a intolerância
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Priscila Natividade
priscila.oliveira@redebahia.com.br
A 6ª edição da Parada Orgulho LGBTQ+ do Subúrbio trouxe esse ano, não só um movimento favor da diversidade, mas também contra a intolerância religiosa. Com o tema “Minha Religião é minha Fé”, o povo de santo abraçou o movimento LGBTQ+ neste domingo (02), onde juntos levaram a mensagem de amor e respeito ao outro, do bairro de Paripe, até a Praça da Revolução, em Periperi.
Eu vejo que cada dia que passa as pessoas tem tido mais informações. Mas ainda assim eu sinto que foi muita ousadia da minha parte trazer um trio elétrico com uma religião de matriz africana, que hoje é a religião que mais acolhe os LGBTS. Queremos atingir a grande massa e tratar destes temas”, destaca a organizadora do evento, Rosy Silva que é ainda a idealizadora da parada, junto com Alexsandra Leitte.
Madrinha pela primeira-vez, a mãe de santo do terreiro Ilê Axé Oiá Mesi, Carmen França destacou a importância de unir os dois movimentos contra a intolerância. “Vim pela causa e achei uma iniciativa maravilhosa. É muito importante respeitar de um modo geral, o LGBTQ. São pessoas boníssimas, não vejo por que ter essa mediocridade de maltratar, fazer piadinhas com gente que tem tanto amor e tanto bem no coração. E eu abraço essa causa porque eu amo e me identifico muito”.
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E esse abraço se viu representado também pela transformista vencedora do desafio de drags no programa Raul Gil, Mitta Lux, que desta vez, subiu ao trio como babalorixá. “O casamento entre religiosidade e diversidades sempre existiu. Nós estamos aqui confirmando isso. Poder me apresentar como babalorixá também é muito importante”.
Empoderamento
A convidada Ray Santos foi mais uma homenageada pela Parada como madrinha do evento. “Esta bandeira precisa ser levada a outros bairros de Salvador. Todo mundo precisa saber que a melhor convivência só acontece quando se diz não a intolerância. Devemos levantar esta bandeira mais vezes”. O rei da Parada e convidado do trio do movimento LGBTQ, Clifer Paz, concordou: “A parada é uma forma de se mostrar, de sair do gueto. Somos pessoas honestas e dignas e viemos aqui para nos divertir e dizer isso”.
Enquanto os dois trios seguiam pela Avenida Afrânio Peixoto, os amigos Diego Samsung e Bibi Trovoada fizeram questão de acompanhar todo o percurso. “Eu acho ótimo vir para a parada e mostrar que é preciso respeitar a gente como nós somos. Somos todos iguais”, defendeu Bibi.
Com uma bandeira colorida na mão, Diego destaca o peso de ser discriminado. “Eu venho aqui para lutar contra o preconceito. Na escola eu brigava, ia tirar conversa com quem me chamava de veado. Hoje, as pessoas aceitam mais, só que a gente sabe que isso precisa melhorar, pegar visão. Até mesmo quem é gay que muitas vezes é preconceituoso com outro gay”.
Para o príncipe da Parada do Subúrbio o criador do site de notícias LGBT, Dois Terços, Genilson Coutinho, o papel do movimento é justamente esse: descontruir o preconceito. “É fundamental trazermos esta discussão. O subúrbio é outra cidade dentro de Salvador”, opinou.
No próximo final de semana será a vez da Parada LGBT do centro da cidade. Este ano, o movimento tem como tema o Abraço à Diversidade. Na programação, estão shows com atrações musicais a partir das 11h. Já o desfile de trios começa às 15h.