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Justiça decreta prisão de dois PMs envolvidos em morte de espanhol


 

DHPP aponta contradição na versão de soldados; família da vítima comemora

  • Da Redação

Publicado em 20/12/2018 às 14:23:31
Atualizado em 19/04/2023 às 06:35:06
. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO e Reprodução

Márcio Pérez invadiu canteiro em Armação após ser baleado na nuca (Foto: Evandro Veiga/CORREIO e Reprodução) A Justiça acatou, nesta quarta-feira (19), os pedidos de mandados de prisão expedidos pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) contra os soldados da Polícia Militar Maurício Correia dos Santos e Saulo Reis Queiroz. Os dois são envolvidos na morte do espanhol Márcio Pérez, ocorrida no dia 19 de setembro, em Armação.

De acordo com as investigações, a versão apresentada pelos policiais não coincide com relatos de testemunhas e outras peças do inquérito.

O pedido de prisão preventiva da dupla foi solicitado na última segunda-feira e atendido nesta quarta (19). O documento foi encaminhado nesta quinta (20) à Corregedoria da Polícia Militar para cumprimento."A prisão preventiva é justamente para que possamos esclarecer alguns fatos que, para nós, ainda não foram devidamente explicados", afirmou o diretor do DHPP, José Bezerra. Ele disse ainda que, independente das prisões, que devem ocorrer em breve, as investigações sobre o caso continuam até que a motivação e outros detalhes sejam esclarecidos.

Ao jornal La Voz de La Galicia, o tio de Márcio, José Antonio Santana, afirmou que a notícia do pedido de prisão foi bem recebida pela família na Espanha.Segundo ele, finalmente foi possível "soltar um pouco de raiva reprimida todo esse tempo".Ainda segundo o jornal galego, foi a ex-mulher de Márcio, com quem ele teve dois filhos baianos, quem contatou o tio, que mora em Vigo, para informá-la do pedido de prisão preventiva. José Antonio, que é tio materno de Marcio Perez, ainda informou que planeja viajar para o Brasil em breve para acompanhar o caso de perto.

O caso O crime aconteceu na noite de uma quarta-feira. Márcio Pérez estava estacionando o próprio carro na porta de casa, acompanhado de uma mulher, quando foi surpreendido por uma viatura da 58ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Cosme de Farias). Segundo testemunhas, era por volta de 23h e a viatura estava apagada.

Os vizinhos da vítima contaram que o empresário se assustou e saiu com o carro, mas foi perseguido e baleado na nuca pelos militares. Depois de ser atingido, o consultor perdeu o controle do veículo, subiu o canteiro e atingiu uma árvore. A mulher que estava com ele não ficou ferida.

Os policiais não explicaram o que estavam fazendo em Armação, 10 km distante da área em que eles atuam, Cosme de Farias. Também não ficou claro por que a viatura estava com as luzes apagadas e por que só havia dois PMs dentro do veículo, quando a ronda é sempre feita com três militares.

Perez era formado em Economia e sócio de uma empresa que presta consultoria a uma operadora de telefonia. Os pais dele são espanhóis, mas viveram por alguns anos no Brasil, por isso, o empresário tinha naturalidade espanhola.

O pai e a mãe retornaram para a Espanha, mas Márcio resolveu permanecer no Brasil. A família era natural da cidade de Ponte Caldelas, onde o corpo do empresário foi enterrado. Márcio era filho único e deixa duas filhas.

Registro A TV Bahia e o CORREIO tiveram acesso ao registro feito pelos militares após o assassinato, onde eles explicam o que aconteceu naquela noite. Segundo o registro, os PMs foram abordados por pessoas próximo ao antigo Centro de Convenções, por volta das 23h. Elas contaram que homens em um carro branco, modelo Fiat Palio, estavam realizando assaltos na região. Os policiais teriam identificado um veículo suspeito alguns metros à frente e ligaram a sirene da viatura, pedindo que o motorista parasse.

Ainda segundo o relato dos militares, quando os homens no veículo perceberam a presença dos policiais atiraram contra a viatura e tentaram fugir, o que deu início a uma perseguição com tiroteio. Os policiais contaram que o carro de Márcio surgiu no meio da confusão, em alta velocidade e colidiu no canteiro central.  O caso foi registrado na 9ª Delegacia (Boca do Rio).