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Isolados no mar: passeios de lancha são a nova moda em Salvador


 

Saiba o preço e como ficar de boa na Baía de Todos-os-Santos

  • Carolina Cerqueira

Publicado em 08/01/2021 às 05:30:00
Atualizado em 21/04/2023 às 23:30:07
. Crédito: Foto: Gina Barbosa/Charter Náutico

As lanchas parecem ter sido uma das alternativas de lazer encontradas tanto por soteropolitanos quanto por turistas na capital baiana nesta pandemia. As medidas restritivas aplicadas ao longo de 2020 afetaram as empresas de aluguel de embarcações, mas, desde outubro, quando o sol começou a aparecer de verdade, o mercado vem se recuperando, e o mês de dezembro já apresentou resultados acima do esperado. 

Adquirir uma lancha pode ficar fora do orçamento de muita gente, mas, talvez, um aluguel para um passeio de um dia seja mais acessível para o bolso. Em Salvador, o preço de uma diária pode ficar entre R$ 200 e R$ 500 por pessoa, a depender da empresa, embarcação e roteiro escolhidos. 

De acordo com Érico Ribeiro, proprietário da empresa de venda e aluguel Lanchas Bahia, as locações de lanchas na empresa aumentaram cerca de 50% entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020. “Eu nunca vi vender e alugar tanta lancha. Parece que o pessoal tinha dinheiro guardado e aproveitou para se divertir quando não tinham muitas opções de lazer por conta das medidas restritivas”, aponta Ribeiro.

Ele complementa que a procura está sendo maior que a demanda e que a tendência é de aumento ainda maior para janeiro. “Meu telefone agora não para. De ontem para hoje já recebi mais de 90 ligações para locação. E estão faltando lanchas para alugar. Para este sábado (9), todas as 15 unidades estão reservadas”. 

Segundo ele, cerca de 60% dos aluguéis são para grupos de famílias, e a procura também é muito grande por parte dos turistas. Na Lanchas Bahia, os aluguéis mais frequentes, segundo o proprietário, são para 10 pessoas.

Não convencional Bianca Mattos, de 41 anos, alugou uma lancha em setembro de 2020 para comemorar seu aniversário em família. Segundo ela, o grupo, que tinha 10 pessoas, seguiu o roteiro para Ilha de Maré e Ilha dos Frades. “Eu já tinha alugado de outra vez com as mesmas pessoas e, como não dava para comemorar o aniversário do jeito convencional, como eu gostaria, por conta da pandemia resolvi apostar no aluguel da lancha e foi um passeio incrível que, se eu pudesse, faria todo final de semana”, conta.  Ela ainda lamentou não ter conseguido realizar o passeio novamente. “A gente estava planejando agora comemorar o aniversário de minha prima, mas não conseguimos. Tentamos para o dia 3 de janeiro, mas todas as lanchas já estavam alugadas”, diz Bianca.  Bianca Mattos comemorou seu aniversário numa lancha com familiares em setembro (Foto: Arquivo Pessoal) Proprietária das embarcações da empresa de aluguel Charter Náutico, Gina Barbosa afirma que já percebeu um aumento neste Verão em relação ao passado de, ao menos, 20%. “No caso da Charter, as embarcações ficaram praticamente paradas de março até setembro, aí depois disso começamos a recuperar e, em dezembro, já notamos uma procura grande”, explica. 

Segundo ela, a grande procura se deve por conta do número reduzido de pessoas que podem entrar nas embarcações e da obrigatoriedade de passeios exclusivos. “Os grupos são pequenos e não se misturam. Normalmente são pessoas da mesma família, de 4 a 8 pessoas, então elas se sentem mais seguras porque escolhem com quem querem estar e com quantas pessoas querem estar”, acrescenta Gina.

Já o aplicativo Uboatt, especializado no aluguel e venda de embarcações, registra um aumento de 40% nos aluguéis entre outubro e dezembro de 2020 em relação a todo o período do Verão passado. De acordo com o engenheiro naval baiano e idealizador do app, Leopoldo Amaral, a procura entre grupos de amigos e grupos de familiares fica equilibrada. 

“A partir de outubro, com a pandemia, as pessoas perceberam que o passeio náutico é uma forma de entretenimento que você pode ter com família ou com amigos de uma maneira mais segura, com menor risco de contaminação, porque o número de pessoas é controlado”, analisa. Ele destaca ainda que as lanchas mais procuradas são as que comportam entre 9 e 12 passageiros e têm estrutura completa, com aparelhagem de som e churrasqueira, por exemplo. Além disso, 70% das locações na Uboatt são feitas por mulheres.  

A estudante Yasmin Mello, 21, conta que já tinha costume de alugar lancha com os amigos desde antes da pandemia, mas, com a chegada do coronavírus e a adoção de medidas restritivas em Salvador, os aluguéis foram mais frequentes. “A lancha foi uma ótima opção para a gente porque podíamos escolher quem a gente queria que estivesse ali, e também é um ambiente aberto. Se fôssemos para um barzinho, por exemplo, teríamos contato com muito mais pessoas e o risco seria muito maior”, explica. 

Protocolo Nas três empresas, o destino mais procurado é a Ilha dos Frades, com paradas em Loreto e na Ponta de Nossa Senhora. Outros pontos também com bastante procura são Prainha, em Aratu, Ilha de Maré e Porto do Barra para o pôr do sol. A modalidade de preferência é o aluguel da diária, chamado day use, com duração média de 8 horas. 

Com a pandemia, novos protocolos tiveram que ser adotados para os passeios. Em todas as três empresas, o uso de máscara fica obrigatório para o marinheiro e recomendável para os passageiros, além disso, as embarcações são higienizadas a cada passeio e grupos diferentes não são alocados no mesmo barco. A Lanchas Bahia afirmou que todas as lanchas da empresa comportam um medidor de temperatura corporal e álcool em gel disponível. 

A Charter Náutico afirmou não fornecer mais talheres ou qualquer item que possa ser compartilhado. Já a Uboatt disse que os talheres e pratos são fornecidos em sacos plásticos lacrados após higienização e que, para os casos de passeios em que seja possível pernoitar na embarcação, o mesmo é feito com a roupa de cama.

Para o infectologista Fábio Amorim, do Hospital Couto Maia, a única forma de lazer mais segura é entre pessoas que já moram juntas no mesmo ambiente e estão passando pelo período de pandemia juntas. “Se você se encontra com um núcleo de pessoas que não estão morando com você, mesmo que sejam familiares ou amigos, o risco ainda existe”, afirma.

Ele acrescenta que, para os passeios, é preciso manter o distanciamento, fazer uso de máscara e não se posicionar contra o vento caso haja pessoas atrás de você, porque o risco de contaminá-la acaba sendo maior. 

Na ponta do lápisUboatt Preço mais baixo - R$ 1.800 a diária de uma lancha para 9 pessoas. (Esse valor pode incluir duas opções: passeio na Ilha de Maré e Prainha, em Aratu, das 9h às 17h; e passeio para pôr do sol na Barra das 16h às 18h30)   Preço mais alto - R$ 4.000 a diária de uma lancha para 12 pessoas. (Passeio para Ponta de Nossa Senhora, Ilha de Itaparica e Porto da Barra) Charter Náutico Preço mais baixo - R$ 2.500 a diária de uma lancha para 9 pessoas.

Preço mais caro - R$ 3.600 a diária de uma lancha para 12 pessoas. (Os dois valores são para passeios na Ilha de Maré ou na Ilha dos Frades das 9h às 18h)Lanchas Bahia Preço mais baixo - R$ 1.800 a diária de uma lancha para 7 pessoas. 

Preço mais caro - R$ 7.000 a diária de uma lancha para 14 pessoas. (Os dois valores são para passeios na Prainha, que fica em Aratu, Ilha das Neves e São Tomé de Paripe, das 9h Às 17h)

Todos os valores acima já incluem a diária do marinheiro e os custos de combustível. 

*Com orientação das subeditoras Monique Lôbo e Fernanda Varela