Grávida é espancada e morta depois de sair para receber R$ 106
Géssica Santos Silva trabalhou no Carnaval como cordeira
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Eduardo Dias
eduardo.sousa@redebahai.com.br
Órfã de pai e mãe desde os 4 anos, grávida de três meses e mãe de outros quatro filhos, Géssica Santos Silva, 24 anos, foi criada pela tia Beatriz Santana, 77, como se fosse sua filha - a idosa também ajudava a jovem a criar os filhos.
Na noite de sábado (29), Géssica saiu de casa para receber o dinheiro que ganhou como cordeira na sexta-feira e sábado de Carnaval - R$ 106 -, mas não voltou.
A gestante foi espancada, esfaqueada e atingida por tiros pouco depois, na Vila Rui Barbosa, na Cidade Baixa. Depois, foi colocada em cima de uma porta velha de geladeira e abandonada na porta de casa.
Ao perceber a situação, a família acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a socorreu para o Hospital do Subúrbio, mas Géssica não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. A mulher foi enterrada no Cemitério de Periperi, às 14h desta terça-feira (3).
Segundo os familiares, Géssica era uma pessoa discreta e evitava falar sobre sua vida. No entanto, antes de sair de casa, ela avisou que iria receber os R$ 106. Irreconhecível O CORREIO esteve na casa de Géssica na manhã desta segunda-feira (2) e conversou com dona Beatriz, que não imagina o que pode ter acontecido com a filha. Segundo ela, Géssica era usuária de drogas, mas não tinha envolvimento com o tráfico no bairro.
"Eu que criei Géssica, peguei ela para criar desde pequenininha, quando os pais dela morreram. Meu Deus, minha filha morreu. Não sei o que aconteceu com ela, só vi o corpo dela jogado na frente de nossa casa", contou a idosa, que revelou que a brutalidade dos autores foi tão intensa que ela não reconheceu a jovem.
"Quebraram as costelas dela. Uma brutalidade sem tamanho. Eu perdi minha filha, que perversidade fizeram com ela. Eu criei ela como uma filha, foram 24 anos debaixo da minha saia. Estávamos nos programando para fazer o aniversário dela no dia 26 de março. Ela ainda me deu bença antes de ser levada para o hospital. Estava com os olhos abertos", lembrou.
Uma colega de trabalho de Géssica, que não quis se identificar, disse que esteve com a amiga horas antes do ocorrido, quando foram receber o valor por terem trabalhado no Carnaval. No entanto, após receber o dinheiro, disse que não a viu mais e não imagina o que possa ter acontecido.
"Ela trabalhou comigo nos dois dias no Carnaval. Trabalhamos no trio do Harmonia do Samba na sexta e sábado. Estamos todos arrasados. Soube da morte pelo celular. Ela era uma pessoa boa", disse.
Géssica deixa quatros filho - três meninas e um menino: Andrés Daniel, de 5 anos, Arieli, de 3, Ludmila, de 1, e a caçula Caroline, de quatro meses. O corpo dela segue no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLRN), aguardando a família, e não há informações sobre o velório.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP).
* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier