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Fiéis celebram Dia de Santa Luzia com imagem nas ruas do Comércio pela 1ª vez


 

Feito inédito é dedicado aos 120 anos de chegada da imagem à Igreja do Pilar

  • Da Redação

Publicado em 13/12/2022 às 13:10:00
. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Comemorado nesta terça-feira (13), o Dia de Santa Luzia teve um elemento especial: pela primeira vez desde sua chegada, em 1902, à Igreja do Santíssimo Sacramento Nossa Senhora do Pilar e Santa Luzia, a imagem da santa homenageada foi às ruas conduzida por fiéis durante a tradicional procissão. Nos dois anos anteriores, devido à pandemia, a caminhada pelo bairro do Comércio, em Salvador, tinha dado lugar a uma carreata. 

A razão da novidade em 2022 foi justamente o fato de se tratar de um ano jubilar, quando se comemoram 120 anos da imagem no templo. "Acho que é justo, neste ano jubilar e ainda com certas restrições, colocar a imagem do milagre para que as pessoas a conheçam", explicou o administrador da igreja, o padre Renato Minho. 

Tudo o que se sabe sobre a origem da peça, que tem um metro de altura e estilo barroco, é que ela foi produzida na Itália e, antes de ir para a Rua do Pilar, estava na antiga Igreja de Santa Luzia, na Avenida Contorno, que pegou fogo. “Não se falava nessa festa de Santa Luzia quando ela estava lá. Essa festa toma grandes proporções no momento em que ela está aqui”, relatou o padre. 

Com o coração 'vibrando de felicidade', o servidor público Jônatas de Souza, 32 anos, teve a honra de ter sido um dos primeiros a tocar a imagem sobre o andor. A devoção vem de família e é dela também que vem o motivo da emoção: sua sobrinha, Yandra Luzia — em homenagem à santa —, de apenas 8 meses, que nasceu prematura e chegou a ser desenganada pelos médicos. 

"Entramos em contato com o padre Renato, o qual chamou o nome dela, que estava na UTI. E, após a missa, os aparelhos voltaram a funcionar", contou Jônatas. "A força de Santa Luzia na vida dela foi tão grande na vida dela que até a UTI neonatal foi a de número 13", relembrou. 

O início da centenária procissão pelas ruas do Comércio estava previsto para as 11h30, mas aconteceu só uma hora depois, sob aplausos e fogos de artifício e ao som da Banda Didá. De lá, o andor seguiu até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, e retornou à matriz. 

Com o tema ‘Santa Luzia, guardiã da fé e da visão’, o dia em homenagem à santa dispôs de uma repleta programação na igreja. As celebrações foram iniciadas com a alvorada, às 5h, e missas pela manhã, entre as 6h, 8h, 10h, e pela tarde, às 15h e às 17h. 

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Proteção aos olhos 

Embora atenda outros pedidos, é como protetora dos olhos que Santa Luzia costuma ser invocada por devotos como o administrador Adilson Guedes, 54. Também artista plástico, ele, que, há mais de três décadas, se faz presente a cada dia 13 do ano, neste, resolveu usar seu talento para homenagear a santa. Assim, produziu uma peça em formato de olho com material reciclável, como isopor, papelão e tubo de PVC. 

“[Estou aqui] Não só pela cura do meu pai da catarata e glaucoma como também pedindo a saúde visual de todos”, revelou Adilson. Mesmo após o tratamento do pai, José Antônio, 86, o artista ainda faz questão de dar uma passadinha na fonte instalada no templo, para pegar um pouco da ‘água do milagre’ — que, conta-se, é capaz de trazer a visão de volta. 

A busca pela água, aliás, provocou uma fila constante desde a parte de dentro da igreja até a grade que cerca o santuário. A ânsia dos fiéis foi tamanha que policiais militares tiveram que ser chamados para controlar a situação. 

O tempo de espera das irmãs Isabel Cristina, 53, e Tânia Oliveira, 60, foi proporcional à quantidade de água que elas levaram para casa: das 6h às 10h na fila, elas saíram carregando seis litros do recurso milagroso. A fé das duas em Santa Luzia se tornou inabalável desde que a filha de Tânia voltou a enxergar, após ter contraído meningite. "Abaixo de Deus, Santa Luzia curou ela. Quem tem fé vai até a pé", enfatizou Isabel.

Segundo o padre Renato Minho, a santa 'traz gente' para a igreja. E, de fato, trouxe: de férias em Salvador, o goiano Luciano Ribeiro, 29, tem miopia e astigmatismo e correu rumo à fonte assim que soube dos efeitos de sua água. "Eu mandei até pra minha mãe, que é católica, e ela falou: 'Vai colher as bênçãos lá'", compartilhou conosco o jovem.