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Família e amigos protestam após moradora ser baleada pela PM em Novo Horizonte


 

Ela estava na garupa de moto quando foi atingida; irmã a encontrou caída

  • Bruno Wendel

Publicado em 28/06/2021 às 12:58:00
Atualizado em 22/04/2023 às 09:45:08
. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Moradores do bairro de Novo Horizonte protestaram na manhã desta segunda-feira (28) contra uma ação policial que resultou numa jovem baleada na cabeça na véspera deste São João (23). Ariana Contuária Santos, 20 anos, está internada no UTI do Hospital Roberto Santos e tem estado de saúde grave. Ela estava na garupa de uma moto na Praça Marina Deiró Rocha quando foi atingida. 

"O policial me disse no hospital que queria atirar no menino, o rapaz que pilotava a moto, e agarrou nela", contou a irmã de Ariana, Ariele Contuária Santos, 18 anos, uma das lideranças da manifestação, que começou às 7h30. O protesto saiu do Novo Horizonte, seguiu pela Avenida Ulisses Guimarães até a Defensoria Público, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). "Viemos pedir ajuda, porque a viatura que fez isso continua rondando o bairro e intimidando as pessoas, principalmente os comerciantes que têm câmeras de seguranças no local", disse Ariele durante a manifestação. 

Com cartazes, pouco mais de 30 pessoas pediram por justiça. Eles bloquearam uma das vias e o trânsito ficou lento. Uma viatura da Polícia Militar acompanhou toda a situação. Em nota, a corporação informou que a Corregedoria irá apurar o caso.

Tiro No dia 23, por volta das 00h40, Ariana e Ariele tinham acabado de sair de Sussarana Velha da casa de amigos rumo ao bairro de Novo Horizonte, onde moram. Eles voltavam em duas motos, cada uma. "Como o trecho até onde a gente mora é perigoso, ligamos para os meninos, que são nossos amigos, que também trabalham como mototaxistas, para levar a gente com segurança", contou Ariele. 

Ariele disse que a moto em que a irmã estava era pilotada por um rapaz que é um mecânico conhecido no bairro e que andava mais à frente dela. As duas irmãs estavam sem o capacete  Durante o percurso, ela disse que escutou um disparo e que ao chegar à Praça Maria Deiró Rocha, encontrou a irmã caída no chão ao lado de  viatura da PM. "Perguntei a eles o que tinha acontecido e disseram apenas que ela caiu da moto, sem dizer o porquê. Não houve nenhuma blitz, nenhum outro tipo de bloqueio e até agora não sabemos o que de aconteceu para terem atirado", contou a irmã da vítima. 

Na hora, ela procurou o rapaz que pilotava a moto que transportava a irmã, mas não o encontrou. "Ele fugiu de medo. Quando percebeu que minha tinha caído, ele parou a moto e olhou para trás. Foi quando viu um policial apontando a arma pra ele e fugiu", disse Ariene. Ela contou que os policiais só socorreram Ariana por causa da pressão feita pelos moradores, que naquela hora já estavam aglomerados no entorno. "Eles pegaram ela e jogoram no porta-malas como se fosse um bicho", declarou a irmã da vítima.

Ariana foi socorrida ao Hospital Roberto Santos, onde segue internada. "O estado dela é grave, mas está estável. Ela está em coma, mas vem reagindo às diminuição dos sedativos", relatou Ariene. Ainda no hospital, ela disse que ouviu de um dos policiais que a irmã foi baleada por engano. "O policial me disse queria atirar no rapaz que pilotava a moto e acabou atingindo ela. Não disse o porquê, só falou isso. O rapaz é uma pessoa trabalhadora, de bem, assim como a minha irmã. As duas famílias estão arrasadas", desabafou.

Procurada, a Polícia Militar informou, através de nota, que "de acordo com informações do relatório da 48ª CIPM, na quarta-feira (23), por volta das 23h policiais militares da unidade realizavam rondas na praça Almiro Pinho, em Sussuarana, quando avistaram pelo menos doze suspeitos em seis motocicletas, que ao perceber a presença dos policiais passaram a atirar na guarnição, os policiais deram voz de parada e atiraram para o alto na tentativa de conter os suspeitos, que fugiram. Ao cessar os disparos os policiais encontraram uma mulher de 20 anos caída ao solo, ela foi socorrida pelos militares para o Hospital Roberto Santos. A Corregedoria da PM está apurando o caso".