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'Eu não fiz nada', diz grávida agredida por PM no Centro Histórico; assista


 

Agressão foi gravada por turista alemã; PMs são afastados

  • Bruno Wendel

Publicado em 06/06/2018 às 11:42:00
Atualizado em 18/04/2023 às 12:11:05
. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Foto: Marina Silva/CORREIO Grávida de 3 meses, uma moradora do Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico de Salvador, foi agredida no último domingo (3) enquanto protestava contra uma ação da Polícia Militar durante os festejos da Trezena de Santo Antônio. Junto com dezenas de outras testemunhas, ela criticava a abordagem a um jovem, pego com um cigarro de maconha.

Ao sugerir que o jovem resista e não entre na viatura, por temer pela vida dele, a mulher acaba sendo atacada por um dos policias com tapas, socos e puxões de cabelo, conforme mostra um vídeo de 11 minutos gravado por uma turista alemã e obtido pelo CORREIO.

Na manhã desta quarta-feira (06), em entrevista conjunta aos repórteres Bruno Wendel, do CORREIO, e Vanderson Nascimento, da TV Bahia, a vítima das agressões relatou como tudo aconteceu."Eu não fiz nada. Eu não estava roubando, traficando. Eu estava participando da festa com minhas filhas na barraca da minha vizinha. Eu estava me divertindo e quando vi aquela cena eu achei ridículo ele agredir o cara daquele jeito", comentou ela.Assista ao vídeo abaixo e leia também mais trechos do relato no final da reportagem: 

A confusão Diante da forma violenta como o jovem é abordado e revistado, mesmo em praça pública, as pessoas o aconselham a não entrar na viatura, já que fora dali o tratamento poderia ser ainda pior. O jovem, não identificado, resiste, e chega a perguntar se pode ser acompanhado até a delegacia por uma mulher que está por perto.

Sete minutos depois do início da gravação, quando o jovem está prestes a ser colocado à força nos fundos da viatura, os apelos da população para que ele não aceite ir com os policiais aumentam. "Não entre, não, que isso é covardia", dizem algumas testemunhas, se dirigindo ao rapaz. Algumas sugerem que ele pode ser morto.

Corregedoria Em nota, o Departamento de Comunicação da Polícia Militar informou que está analisando as imagens para decidir o que fará daqui para frente.

"O vídeo foi encaminhado para a Corregedoria da PM para ser submetido à análise. A PMBA apura com rigor todo comportamento policial militar que fuja à técnica, pois casos isolados não podem comprometer o bom desempenho de toda a tropa", afirma o comunicado. Os policiais envolvidos não tiveram os nomes divulgados. Mulher é puxada pelos cabelos após reclamar de abordagem a rapaz (Foto: Reprodução) Às 11h43 desta quarta- feira (6) a PM informou, em nota, que os policiais militares serão afastados das atividades operacionais.

"Além do afastamento, eles serão apresentados ao Departamento de Promoção Social da corporação para acompanhamento psicológico", informou a PM.

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Confira o relato da mulher agredida pelos policiais:

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Eu estava curtindo com minhas filhas. Aqui estava acontecendo um evento da festa de Santo Antônio que começa dia 1º de junho e vai até o dia 13. E aí ele (o policial) abordou o rapaz que estava no muro porque achou que o cara estava com a droga. Aí ele começou a agredir esse rapaz. Aí como tinha muita gente com muita família e muita criança a gente começou a gritar que era covardia, que ele ia matar, que não era para eles (policiais) fazerem aquilo. 

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Até então, tudo bem. Nessa hora só tinha uma guarnição. De repente apareceu outra viatura. Aí que saiu esse policial que veio e deu um tapa no meu rosto que eu fui em cima dele. Eu achei um desaforo porque sou uma mãe de família, mãe de três filhos. Eu, inclusive, estava com duas das minhas filhas, uma de 11 anos e outra de 4 anos, do meu lado. Ele não teve consideração alguma e deu um tapa no meu rosto e simplesmente eu fui pra cima dele. 

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Eu achei um desaforo ele me bater, eu grávida, sem ter feito nada. Eu simplesmente estava igual à população gritando para ele não agredir o rapaz. E aí, eles vieram e me agrediram depois. 

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Depois, simplesmente, as pessoas me tiraram de lá e me encostaram porque eu fiquei muito nervosa, agitada e gritando. Eu falava que estava grávida. Ele esticou o meu cabelo, a minha cabeça que meu pescoço está doendo até agora. Ele realmente me deu um tapa.

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Ninguém conhecia o rapaz (que foi vítima da abordagem). O rapaz estava apenas sendo agredido por eles porque disseram que tinham achado uma droga na mão dele. Eu pensei assim que um policial no seu dever de policial ele tinha que abordar e, se realmente achasse a droga, tinha que prender o cara. Ele não tinha que bater no cara. Eles quase matam o cara de porrada. Isso é inadimissível.

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Que eles façam a abordagem deles, sim. Eu acho até bonito o trabalho da polícia, que eles venham, façam a abordagem que inibe um pouco a criminalidade. Mas, do jeito que ele chegou, ele quase matava o rapaz. 

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As pessoas falavam que eu estava grávida, mas ele não teve consideração. Tinha um monte de pessoas gritando como eu, mas ele me achou a mais bonitinha e veio me bater. 

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Quando ele veio na minha direção, já veio me agredindo. Ele não veio querer me pegar normal. Ele já veio pegando no meu cabelo e me dando um tapa na minha cara. Aí eu fui pra cima dele e empurrei ele. 

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Aí minha vizinha pegou e entrou no meio e pediu que ele não fizesse isso porque eu estava grávida.