Corpo encontrado em porta-malas é de estudante, confirma polícia
Carro com o corpo foi abandonado em São Cristóvão; família chegou a receber foto de jovem ferido
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Tailane Muniz
tailane.muniz@correio24horas.com.br
Jonas foi retirado de ônibus e morto a tiros (Foto: Reprodução) No fundo, a família Ataíde já imaginava. A semelhança da roupa era um dos indícios de que o corpo encontrado em um porta-malas de um carro, na manhã de sábado (5), no bairro de São Cristóvão, em Salvador, fosse do caçula da família, desaparecido há 23 dias.
A confirmação, no entanto, chegou por meio de uma ligação, no final da tarde desta segunda-feira (7), quando o Departamento de Polícia Técnica (DPT) cravou: o cadáver achado com mãos e pés amarrados e um saco na cabeça, dentro de um Fiat Palio branco, é do estudante Jonas Ribeiro dos Santos Neto, 17 anos.
O adolescente havia saído de casa na tarde de sábado (15) para participar da comemoração de aniversário de um amigo, no bairro de Itapuã. Primeiro a deixar a festa, Jonas saiu do local por volta de 22h. Às 22h30, chegou a falar com uma das irmãs, avisou que já estava no ônibus, a caminho de casa, no bairro de São Cristóvão.
Ele foi assassinado pouco depois. O corpo, encontrado já em estado de decomposição na localidade Planeta dos Macacos, a um quarteirão da casa da família, foi identificado por meio das impressões digitais. Irmã de Jonas, a professora Daila Ataíde, 26, disse que embora já esperassem a notícia, o desespero foi generalizado após a confirmação da morte do irmão, único que, assim como ela, ainda morava com os pais.Foto enviada pelo WhtasApp Mãe do garoto, a dona de casa Tânia Ataíde, 52, chegou comentar com o CORREIO os dias de angústia vividos na espera pelo retorno do filho mais novo que, embora tivesse 1,80 m, era um "bebê grande".
Segundo Daila, a terceira dos quatro filhos de Tânia com o pedreiro Djalma de Sena Santos, 52, todos ainda tinham esperança em ver o adolescente vivo novamente, "apesar de tudo". A professora contou ao CORREIO que já no domingo, dia 16, segundo dia do desaparecimento, a família recebeu pelo WhatsApp uma foto onde o rapaz aparece machucado. A irmã acredita que o estudante já estava sob o poder dos assassinos."Eles ligaram, meu pai foi lá e é isso. Ele está morto. Minha mãe está chorando muito mais, porque a gente ainda tinha esperança. Infelizmente acabou, é ele, como a gente já imaginava. Logo que recebemos a foto, não sei quem mandou, o coração já fechou, mas até a confirmação, a gente sempre acredita", disse a irmã da vítima à reportagem.Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil afirmou que teve acesso à foto em que Jonas aparece ensanguentado, mas ainda vivo, vestindo a mesma camiseta preta que saiu de casa. A polícia afirmou que investiga as circunstâncias em que a foto foi feita e demais detalhes da investigação, como a autoria e motivação do crime.
A irmã do jovem comentou que os detalhes para o sepultamento do jovem devem ser resolvidos nesta terça-feira (8), quando os outros dois irmãos que não moram mais com os pais, um homem e uma mulher já casados, vão se juntar à família. Família recebeu foto em que Jonas aparece machucado; polícia investiga circunstância em que imagem foi feita (Foto: Reprodução) Morte O pesadelo começou ainda no dia 15, logo que o garoto não chegou em casa, mesmo após ter feito contato avisando que já estava próximo. No dia seguinte, depois de mobilizar moradores de São Cristóvão, onde Jonas nasceu e foi criado, o pai tentou fazer a ocorrência no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) mas não conseguiu.
A queixa do desaparecimento só foi registrada pela família na 12ª Delegacia, em Itapuã, já na terça-feira (18). Houve uma tentativa na segunda-feira, mas, segundo a família, por conta do horário, não conseguiram. Agora, a investigação para apurar a morte de Jonas está sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O que se sabe até aqui, de acordo com os depoimentos das testemunhas aos pais da vítima, conforme Daila Ataíde, é que o irmão foi retirado de dentro de um ônibus no final de linha do Parque das Bromélias, localidade do bairro Jardim das Margaridas, que fica próximo a São Cristóvão.
O motorista e o cobrador do coletivo, ainda segundo a irmã, contaram que Jonas entrou no ônibus na Estação Mussurunga. Mas que cochilou e acabou passando do ponto onde deveria ficar. Resolveu aguardar o coletivo retornar o caminho para descer."Eles não disseram um número exato de pessoas, mas foram claros ao dizer que tiraram meu irmão do ônibus, sem mais nem menos. Não disseram nada e nem esconderam o rosto", relatou a professora.A versão é a única de conhecimento dos familiares. Para Daila, faz sentido que Jonas tenha perdido o ponto porque, segundo ela, o adolescente costumava dormir cedo.
"Ele deve ter cochilado. Até uns três meses atrás, ele vendia mingau com uma senhora perto de casa. Estava acostumado a acordar cedo, pegou gosto pelo trabalho, mas minha mãe pediu que ele parasse, que se dedicasse só à escola. Ele mal saía de casa", lamentou.
A irmã da vítima contou ainda que a mãe do amigo aniversariante da festa em que o adolescente esteve, em Itapuã, antes de desaparecer, este na casa da família e contou que o adolescente foi um dos primeiros a deixar o local. O filho dela foi colega de Jonas do Colégio Estadual Helena Mateus, onde ele concluiu em 2018 o 2º ano do Ensino Médio.
"Amigos e pais dos amigos dele vieram aqui, lamentaram muito. Minha família está sofrendo, jamais imaginaríamos algo assim para ele, que não fazia mal a ninguém", completa Daila.
Jonas, que vestia uma bermuda jeans clara e camiseta preta, saiu de casa usando relógio, escapulário e pulseira de prata. Tudo comprado com o dinheiro que juntou trabalhando, segundo a família. Os acessórios, além do celular e da identidade do adolescente, não foram encontrados.