Comunidade faz trabalho de recuperação de restinga na lagoa da Praia do Flamengo
Ao todo, 77 mudas foram plantadas em área recuperada por grupo de moradores
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
Os banhistas que saem de casa para aproveitar um dia na Praia do Flamengo já sabem o caminho: chegando lá, toda rua à direita dá na praia. O que muitos não fazem ideia é que, se você decidir ir para a esquerda, em vez do mar, encontra uma lagoa. Local que, por um bom tempo, ficou sem limpeza e conservação. Coisa que, agora, está no passado. Isso graças ao trabalho dos moradores da região que, em conjunto, se articularam para organizar a recuperação da área, que envolve a limpeza e o plantio de espécies da restinga, vegetação nativa da região. Um trabalho que deu mais um passo nesta terça-feira (18), quando 77 mudas foram plantadas pelos colaboradores da causa.
Sempre bem-vindas em qualquer área verde, mudas de Cafezinho, Pau-Brasil e Aroeira, que são espécies nativas da Mata Atlântica, também foram plantadas na ação. Entre as mudas de restinga, tinha Bromélia, Antúria, Eugênia, Cajá Amarelo e Caroba. Um agrupamento de espécies que, segundo Anne Cristina Nogueira, coordenadora de empreendedorismo e ação social da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB), que apoia a ação, é fundamental para ampliar a presença de vegetação nativa no processo de recuperação do local.
“Manter o ecossistema das restingas vivo é preservar o meio ambiente. Estamos falando de uma vegetação diferenciada e que precisa ser mantida no trabalho de recuperação do espaço. Não podemos abrir mão disso”, declarou.
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Bom para as casas
Além de vegetação de origem da região da Praia do Flamengo, a restinga é, naturalmente, uma ferramenta de absorção do salitre, que diminui a corrosão nas casas da região. Uma notícia que deixa a aposentada Ednalva Santiago, 61 anos, duplamente feliz. "Lá em casa, os móveis não costumam durar. O salitre corrói tudo. E a restinga combate isso, o que é uma ótima pra gente. Além de preservar e aumentar uma vegetação que já é daqui, nós ajudamos também diminuindo o impacto do salitre nas residências", disse Ednalva, que faz parte do grupo que se mobilizou pela recuperação do local. Ednalva não escondeu a felicidade pelo avanço no trabalho de recuperação da área (Foto: Marina Silva/CORREIO) Outra que também está animada com a possibilidade do grupo matar dois coelhos com uma cajadada só é Lindinalva Oliveira, 70, aposentada que também participou do plantio. "A restinga é a planta que já é daqui, né?! São elas as mais adaptadas ao ambiente e que se desenvolvem melhor aqui. Fora isso, tem a questão do salitre que pra todo mundo que mora em região de praia é fundamental. Então, dá orgulho participar de algo que faz bem de duas formas", afirmou.
Marília Oliveira, 60, que é diretora comercial e moradora da região, fez parte de todo o processo que, de acordo com ela, é fruto do interesse dos moradores. "A gente começou mobilizar a Limpurb para limpeza da área e moradores para ajudar. Depois, conseguimos ajuda financeira voluntária dos próprios moradores pra fazer, por exemplo, a limpeza da água. Aí, de repente, virou tudo isso que você tá vendo e deu muito certo porque todo mundo tem ajudado da maneira que pode", falou. Marília afirma que recuperação só foi possível por conta do engajamento dos moradores (Foto: Marina Silva/CORREIO) No caso da Unidunas, OSCIP que administra o ecossistema de dunas, lagoas e restingas da região, o auxílio veio por meio das plantas. Isso porque foi a organização que disponibilizou as 77 mudas do plantio que se juntaram às 49 que já estavam no local através de parceria com a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), que tem uma estação elevatória no local e decidiu apoiar a causa. Cainã explica porque o plantio é valioso para a àrea (Foto: Marina Silva/CORREIO) Cainã Freitas, gestor ambiental da Unidunas, afirma que a ação de plantio vai ser importante de diversas maneiras para a biodiversidade do local. "Essas mudas vão ajudar bastante a área, principalmente, por se tratar de um local de mata ciliar, que beira a lagoa. Pra toda comunidade, é importante que a restinga seja trazida de volta porque, além de ser natural daqui, ela é fundamental para a proteção da lagoa", concluiu.
*Com a supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro