Aposentado vira Papai Noel e ouve pedidos ao lado da mulher
Bom velhinho do Center Lapa conta o lado bom e ruim da função
-
Thais Borges
thais.borges@redeabahia.com.br
Desde jovem, Josias Alves de Araújo, 59 anos, procurou fazer algo pelo coletivo. Sempre pela comunidade, nunca somente por si. É assim que, hoje, enxerga todo o trabalho que fez na construção civil – de pontes e adutoras a prédios e rodovias. Eram obras que fossem usadas por muita gente. “Comecei de baixo. Fui mestre de obras, técnico em edificações e depois engenheiro civil”, conta ele, que já está aposentado.
[[publicidade]]
A aposentadoria veio em agosto, pouco antes de se tornar o Papai Noel do Shopping Center Lapa, ao lado da esposa, a dona de casa Renilda Araújo, 60. Companheiros na Casa da Família Noel, estão juntos na vida há 36 anos. Aceitaram o desafio porque Josias tinha uma vontade que acabou não sendo realizada. Queria ter sido o Papai Noel da escola onde foi o gestor por 15 anos. Renilda e Josias estão juntos há 36 anos; é o primeiro deles como Mamãe e Papai Noel (Foto: Marina Silva/CORREIO) “Queria fazer essa ação na minha saída, mas não deu. Ao mesmo tempo, o shopping e a empresa de mídia procuravam alguém. Minha filha trabalhou na empresa de mídia e soube da seleção”, explica. Ele acredita que a relação verdadeira com a Mamãe Noel foi o que diferenciou o casal de outros 10 candidatos.
Para Renilda/Mamãe Noel, a presença feminina este ano foi para reforçar que o Papai Noel não faz seu trabalho sozinho. “Ele tem uma família. E eu espero que tenha outras Mamães Noel em outros locais nos próximos anos”, opina, antes de reforçar que os dias ali têm sido uma escola.
Leia a reportagem principal: Papais Noéis contam pedidos mais comuns e emocionantes que ouvem
Tem dias que Josias conta que sai ‘barreado’ com tantas histórias. Para ele, não dá para fazer o trabalho, se a pessoa não estiver totalmente comprometida. Se não estiver disposta a ser o mais sincera possível, é melhor nem tentar. “A criança se entrega e você passa a ter o melhor carinho".
Mas ele logo avisa: não se enganem - não são só os pequenos que sentam na poltrona do Noel. Ele estima que 30% dos visitantes sejam adultos. E os pedidos são variados. "Tem gente que fala: 'Papai Noel, tenho um câncer, gostaria de ficar boa'". Daí, ele precisa segurar as lágrimas e ser forte. Tenta pensar no objetivo e na missão. "Eu esperava fazer isso por muitas pessoas, mas acabei fazendo por mais pessoas ainda”.