Após morte de líder do BDM, homens armados ordenam toque de recolher na Boca do Rio
Na Avenida Jorge Amado, pelo menos 50 estabelecimentos comerciais estão fechados
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Da Redação
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Comerciantes da Avenida Jorge Amado, que liga a Paralela à Orla passando no bairro da Boca do Rio, tiveram que fechar as portas na manhã desta sexta-feira (11). "Eu estava aqui no caixa, trabalhando normalmente. Quando um homem jovem, aparentando uns 25 anos, chegou e disse: 'Moço, me desculpe, mas vocês vão ter fechar. Morreu um grande amigo nosso e estamos de luto'", disse um comerciante ao CORREIO. Ele relatou que o homem que ordenou o fechamento estava acompanhado de outro. Ambos estavam armados.
A polícia acredita que o toque de recolher tenha sido provocado em função da morte do líder da facção criminosa Bonde do Maluco (BDM). A morte de Marcelo Batista dos Santos, o Marreno, em confronto com policiais em Camaçari, também teria relação com ônibus queimado na região do antigo Centro de Convenções na noite de quinta-feira (10). De acordo com o titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) e integrante da Força-Tarefa, Odair Carneiro, Marreno era da Boca do Rio.
O major Edson Lima, comandante da 39ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Boca do RIo), destacou que os casos têm relação e que houve um reforço no policiamento nos bairros de Pituaçu e Boca do Rio além das localidades Irmã Dulce, Bate Facho e Alto do São Francisco. O bairro da Boca do Rio é um dos locais de atuação do BDM. Marreno: líder do BDM (Foto: SSP) "Reforçamos o policiamento desde ontem a noite, em função de um possível toque de recolher na Boca do Rio, por conta do embate que teve na Via Parafuso com um elemento de apelido Marreno - que veio a tombar no confronto com as forças da Segurança Pública. Por conta disso, houve ainda ontem, por volta das 22h30, uma ação delituosa na qual dois elementos a bordo de um veículo Gol efeturaram queima de ônibus próximo ao Centro de Convenções. A partir desse momento, desencadeamos uma série de ações a fim de evitar que a população e os comerciantes fiquem temerosos. O policiamento está reforçado com grupos especiais da polícia", afirmou o major.
O oficial da PM destacou que, apesar do toque de recolher que também foi avisado pelas redes sociais, não houve confronto na região. "O policiamento está reforçado, mas muitos comerciantes não abriram porque estão com medo de represálias futuras", argumentou o major.
Apontado como número 1 do BDM pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), Marreno estava sendo investigado por envolvimento em cerca de 20 homicídios em Salvador.
Ele foi morto na noite de quarta-feira (9) durante confronto com equipes da Força-Tarefa da SSP, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Marreno foi morto junto com Anselmo Nascimento Sena, comparsa e motorista dele, que também atirou contra a polícia.
Toque de recolher Na Avenida Jorge Amado pelo menos cerca de 50 estabelecimentos comerciais, entre churrascarias, salões de beleza e consultórios de dentistas, estão fechados. Apenas motéis e o supermercado Rede Mix estão funcionando.
"Eles estavam armados. Aqui só vieram dois homens. Os dois armados. Foram até educados. A gente fechou imediatamente", destacou o funcionário de um estabelecimento.
"São mais de 50 estabelecimentos aqui, só nessa parte. Mas disseram que hoje a Boca do Rio toda ia chorar a morte dos rapazes", destacou um comerciante. Um policial disse que "os comercaintes afirmaram que homens armados passaram cedo, ordenando que fechassem tudo".
Um morador que não quis se identificar disse que viu quando algumas motos passaram e, em seguida, o comércio foi fechando. "Eu fico sem entender como é que isso pode ser possível. Traficantes com esse domínio sobre o cidadão de bem. É de assustar, sim", disse.
Algumas pessoas, no entanto, tentam seguir a vida normalmente, como a diarista Vanessa Costa, 34 anos. "Eu não posso deixar de trabalhar porque meia dúzia de traficantes mandaram fechar o comércio. É isso que eles querem, tirar nosso direito de sair de casa. Vou fazer tudo que tenho pra fazer e voltar pra casa", conta ela, que estava a caminho do trabalho em um prédio da região.
Mesmo com o reforço no policiamento, com a presença até de helicóptero da PM, moradores temem que a situação se agrave quando anoitecer. "O medo é mais tarde. As pessoas vão chegar do trabalho e encontrar tudo deserto. Como é que se sente seguro?! Não tem como. A vida que a gente leva é essa: manda quem pode e obedece quem tem juízo".
Ônibus queimado Depois do incêndio ao ônibus, os rodoviários passaram a fazer fim de linha no Vale dos Rios. "Estamos parando nos pontos quando tem gente. Mas, por segurança, encerramos no Vale mesmo. Aguardamos o sindicato decidir se voltaremos para cá ou não", explicou a cobradora Marcela Costa. Ônibus não estão parando no ponto do Centro de Convenções Foto: Tailane Muniz/CORREIO Em nota, a SSP-BA informou que equipes do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc) investigam a queima do coletivo. O policiamento na área foi reforçado com equipes das Rondas Especiais (Rondesp) Atlântico, Grupamento Aéreo da PM (Graer). Imagens de câmeras da região serão usadas para identificar os autores e o que motivou o ataque.
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