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Paris-2024: Seleção feminina de futebol se classifica aos trancos e barrancos


 

Equipe avança às quartas de final mais por demérito das demais adversárias do que propriamente por mérito verde e amarelo

Publicado em 01/08/2024 às 05:00:00
Marta saiu de campo em lágrimas após dar uma dura entrada em Olga Carmona e ser expulsa pelo árbitro. Crédito: Rafael Ribeiro/CBF

Fora a classificação às quartas de final, que veio mais por demérito das demais adversárias do que propriamente mérito brasileiro, não existe mais o que se comemorar quando o assunto é a Seleção de futebol feminino do Brasil. Na verdade, apenas lamentos.

A derrota por 2x0 para a Espanha, atuais campeãs mundiais, ontem, no Estádio de Bordeaux, a 500km da capital francesa, expôs, mais uma vez, um time frágil, sem personalidade e sem tática alguma.

Não apenas no segundo tempo, quando esteve 61 minutos com uma jogadora a menos, depois da expulsão infantil da capitã e rainha Marta, ainda no primeiro tempo. Pelo contrário. Defeitos presentes já durante os 44 minutos do primeiro tempo, quando o técnico Arthur Elias tinha o time completo.

Isto não fica claro apenas nas estatísticas da etapa inicial, em que as espanholas tiveram 55% de posse bola, nove finalizações - contra apenas uma do Brasil -, sete escanteios contra dois verde e amarelo e as cinco defesas importantíssimas da goleira Lorena.

Mas, os milhares (não muitos) de torcedores que estiveram presentes no Estádio de Bordeaux e os outros milhões de espectadores ao redor do mundo viram as jogadoras brasileiras praticamente assistindo às adversárias jogarem - e, vez ou outra, quando dava, ensaiavam um contra-ataque.

Despedida melancólica?

Com a expulsão e aos 38 anos de idade, Marta só volta a vestir a camisa verde e amarela em Olimpíada caso o Brasil consiga fazer o que não fez nas duas últimas Copas do Mundo: vencer a França.

O time da casa foi responsável pela eliminação brasileira nas oitavas de final de 2019 e também voltou a ganhar na fase de grupos do último Mundial, em 2023, na Austrália e Nova Zelândia.

A camisa 10 canarinha deixou o campo aos prantos e inconsolável. Do lado de fora, os torcedores presentes tentavam um acalento. Aplaudiam e gritavam pelo nome da Rainha, incrédulos que pudesse ser assim, desta forma abrupta e triste, que a história magnífica da maior jogadora brasileira de todos os tempos pudesse chegar ao fim.

“A única coisa que dá para dizer para Marta, cara, é: ‘Obrigada, mulher!’”, garante a cantora Alê. “Ela colocou a mulherada lá em cima, incentivou toda uma garotada feminina a entrar no esporte que é a nossa bandeira nacional, ela tem um trabalho irretocável, deu muito ao país. Não é por causa de um jogo em que ela recebe cartão vermelho que vamos virar o rosto para ela. A Marta só merece aplausos e muito carinho”, finalizou a cantora baiana.

Torcedoras ficam na bronca

Alê é cantora, nascida em Salvador, na Bahia, e há 13 anos mora na França. Desde os 12 anos de idade, não ia a um estádio de futebol - o último havia sido a Fonte Nova. Para ver a seleção feminina, colocou a camisa do Bahia e se decepcionou com o que viu. “Esquema tático horrível, um buraco no ataque, não tinha ataque nenhum. Pena que Marta recebeu cartão vermelho, foi feio para terminar uma carreira na Seleção”, analisou.

Alê (de camisa do Bahia) não ia a um estádio de futebol desde os 12 anos. Crédito: Victor Pereira/CORREIO