Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estadão
Publicado em 6 de setembro de 2024 às 07:22
O ministro do Interior da Venezuela e número dois da ditadura chavista, Diosdado Cabello, negou que Nicolás Maduro esteja planejando participar de uma reunião com os presidentes de Brasil, Colômbia e México para discutir a crise pós-eleitoral
Cabello contrariou a declaração do ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, que disse na terça-feira que Maduro "provavelmente" realizaria uma reunião virtual com o brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o colombiano, Gustavo Petro, que lideram os esforços para uma negociação entre o ditador venezuelano e a oposição, após as denúncias de fraude nas eleições de 28 de julho. Maduro foi proclamado reeleito pelas instituições locais, controladas pelo chavismo.
Segundo o regime, ele teve 52% dos votos. A oposição, porém, garante que o processo foi fraudulento. "Esse homem (Murillo) acredita que pode vir e enfiar o nariz na Venezuela", criticou Cabello, em seu programa semanal de televisão. "Esse é o chanceler da Colômbia, mas, na verdade, ele não é o chanceler da Colômbia, é o chanceler dos EUA na Colômbia."
Considerados próximos do atual governo venezuelano, Lula e Petro expressaram, na terça-feira, "profunda preocupação" com o mandado de prisão emitido pela Justiça venezuelana contra Edmundo González Urrutia, adversário de Maduro em julho. O opositor está escondido, na clandestinidade.
Lula já tinha endurecido seu discurso contra Maduro. Na semana passada, ele afirmou que não reconheceria sua vitória, embora a da oposição também não. O brasileiro rejeitou aceitar a reeleição sem que o chavismo divulgasse as atas de votação.
Ainda durante seu programa na TV, que foi ao ar na noite de quarta-feira, Cabello assegurou que tem a localização exata de González Urrutia. "Vou levá-lo a um amigo meu que é o ministro do Interior e Justiça", disse Cabello, rindo. Segundo ele, o opositor estaria "em uma conhecida municipalidade opositora".
María Corina Machada, outra líder da oposição venezuelana, impedida de participar das eleições, afirmou que o mundo deve reconhecer González como "presidente eleito". "O mundo sabe que Maduro foi derrotado", disse.
Ainda que não reconheçam a reeleição de Maduro, os países têm sido cautelosos em usar o termo "presidente eleito" para se referir a González Urrutia. Após anunciar, em 30 de julho, que reconhecia o opositor como presidente eleito, o Peru voltou atrás ontem, dizendo que não há nenhuma comunicação oficial que ateste esse posicionamento. A declaração marca uma virada de posição após o anúncio que causou o rompimento das relações diplomáticas com a Venezuela.