Kamala Harris e Donald Trump chegam ao pleito empatados
Estados Unidos decidem futuro do país nesta terça-feira (5)
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Rodrigo Daniel Silva
rdssilva@email.com
Os americanos vão hoje às urnas para decidir o futuro do país. A disputa entre Kamala Harris e Donald Trump está acirrada, com ambos os candidatos empatados nas pesquisas, deixando a eleição sem um claro favorito. Desde 26 de outubro, Harris e Trump variam dentro de um ponto percentual nas intenções de voto.
A pesquisa diária da TIPP, plataforma que obteve destaque no último ciclo eleitoral por sua precisão segundo o The Washington Post, divulgou ontem que ambos estão com 48% das intenções de voto. Considerando candidatos de partidos menores ou independentes, Trump leva ligeira vantagem: 48,8% contra 48,3% de Harris.
Os eleitores indecisos podem influenciar o resultado, já que 6% dos entrevistados afirmaram que ainda podem mudar de opinião. O levantamento entrevistou 1.411 pessoas em todo o país, de 1º a 3 de novembro, com margem de erro de 2,7 pontos percentuais.
Espera-se que o resultado final demore alguns dias para ser anunciado. O vencedor tomará posse em 20 de janeiro de 2025.
Na véspera do pleito, a democrata ficou especialmente em Scranton, cidade natal de Joe Biden. Ela agradeceu aos trabalhadores da campanha, e fez uma série de aparições pela Pensilvânia com celebridades, como Katy Perry, Lady Gaga e Oprah Winfrey.
Já Trump foi a Pensilvânia, Michigan e a Carolina do Norte. O ex-presidente fez um discurso de 90 minutos, cheio de queixas, neste último estado. Com a voz rouca e visivelmente cansado, ele zombou de perguntas sobre sua idade e a capacidade mental, e pediu aos apoiadores que permanecessem fortes, afirmando: “Este será nosso momento final”.
Sistema eleitoral
Nos Estados Unidos, o presidente não é escolhido diretamente pelo voto popular, mas por um Colégio Eleitoral de 538 delegados, que representa as escolhas dos eleitores em cada estado. Para vencer, o candidato precisa garantir ao menos 270 desses votos.
Cada estado possui um número específico de delegados, proporcional à sua população e ao número de representantes no Congresso. O candidato que vence em um estado leva todos os delegados locais, mesmo que ganhe por uma margem mínima de votos. Nos EUA, o voto é facultativo para cidadãos com 18 anos ou mais, e o TIPP projeta que 42% dos eleitores votarão apenas hoje no dia da eleição.
Desafios e propostas
O próximo presidente enfrentará pelo menos dois grandes desafios econômicos: reduzir o déficit fiscal, que chegou a 6,4% do Produto Interno Bruno (PIB) em 2024, e controlar a inflação.
“Se Trump ganhar, esperam-se mais inflação, mais tarifa de importação, juros mais altos e dólar mais forte. No caso de Kamala Harris, é esperado o contrário”, analisou o economista Paulo Gala, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A questão da imigração também será central. Trump propõe finalizar o muro na fronteira com o México e intensificar a deportação de imigrantes sem documentos. Kamala Harris, por sua vez, diz querer proteger a fronteira, mas sem isolar os imigrantes.
Na economia, enquanto Trump defende cortes de impostos para empresas, Kamala aposta em uma “economia de oportunidade”, com cortes de impostos voltados para a classe média e aumento de tributos para grandes corporações e fortunas.
Em educação, Trump pretende combater o que chama de “ideologia” nas escolas e afirma que o sistema de ensino estaria sendo influenciado por pautas de esquerda ligadas a raça e gênero. Harris promete ampliar o acesso ao ensino superior, com iniciativas para reduzir a dívida estudantil e tornar a educação universitária mais acessível.