Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Estadão
Publicado em 3 de fevereiro de 2024 às 21:21
Um homem que faleceu em um hospital do Japão esta semana disse às autoridades, antes de morrer, que era um dos fugitivos mais procurados do país e que havia despistado a Justiça durante quase 50 anos. Ele afirmou ser membro de um grupo radical que cometeu ataques com bombas na década de 1970, informou a polícia na sexta-feira.
As autoridades receberam informações e foram, na semana passada, a um hospital próximo a Tóquio para interrogar o homem, de 70 anos. Ele lhes disse que tinha câncer terminal e queria morrer usando seu verdadeiro nome, Satoshi Kirishima, em vez de seu codinome, e revelou detalhes desconhecidos sobre os ataques, indicou a polícia.
Na segunda-feira, quatro dias após o interrogatório, o homem faleceu sem que a polícia tivesse confirmado sua identidade. Os testes de DNA, que foram realizados nele e nos familiares, eram compatíveis, publicou na sexta-feira a agência de notícias Kyodo News.
"Pensamos que o homem que morreu no hospital afirmando ser Satoshi Kirishima era realmente o suspeito", disse na quinta-feira Yasuhiro Tsuyuki, chefe da Agência Nacional de Polícia do Japão.
Nascido em 1954, Kirishima estava fazendo estudos universitários em Tóquio quando começou a participar de atividades extremistas e se juntou à Frente Armada Antijaponesa da Ásia Oriental, um grupo militante que perpetrou uma série de ataques com bombas contra importantes empresas japonesas na década de 1970.
Em 1975, oito pessoas morreram e mais de 160 ficaram feridas em um ataque contra um edifício da Mitsubishi Heavy Industries, atribuído ao grupo. Kirishima afirma ter participado de várias outras ações. Ele era procurado por colocar uma bomba-relógio em um edifício do elegante distrito Ginza de Tóquio, em abril de 1975, incidente no qual não houve feridos.
Embora não fosse um dos membros-chave do grupo, ele foi o único dos dez integrantes que nunca foi capturado. Enquanto viveu como fugitivo, Kirishima nunca teve um celular nem seguro de vida, e recebia seu salário em dinheiro para evitar ser localizado, segundo a emissora pública NHK.
Na sexta-feira, investigadores da polícia vasculharam uma empresa de construção onde viveu e trabalhou por cerca de 40 anos com o codinome de Hiroshi Uchida, de acordo com a NHK e outros meios de comunicação.