Assine

‘Vivemos um inferno’: moradores denunciam abandono do Centro de Convenções oito anos após desabamento


 

Decisão do Tribunal Regional do Trabalho cancelou a penhora do equipamento

  • Maysa Polcri

Publicado em 24/09/2024 às 06:30:00
Centro de Convenções amarga abandono oito anos após desabamento parcial. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Oito anos após o desabamento parcial da sua estrutura, o Centro de Convenções da Bahia (CCB), no Stiep, saiu do foco de uma disputa judicial trabalhista com o cancelamento da penhora do equipamento. A partir da decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 5º Região (TRT), o imóvel poderá ser demolido ou vendido. Desde que parte da estrutura foi derrubada, em 23 de setembro de 2016, o antigo Centro de Convenções virou alvo de furtos, rota de fuga para criminosos e preocupação para moradores da região.

A estrutura precária, que sofre com o passar dos anos, facilita a entrada de invasores que amedrontam quem vive no entorno do terreno. É o caso de José Mário Santiago, diretor da Associação dos Moradores do Jardim Atalaia (AMJA), que mora na região desde a década de 80. Ele acompanhou de perto a efervescência dos eventos que agitaram o Centro de Convenções até o seu declínio.

“O Centro de Convenções fica em um espaço de fronteira entre os bairros Stiep, Costa Azul e Armação. Os ladrões transitam por ali, utilizam o terreno como rota de fuga e se escondem para realizar roubos e furtos a quem passa. Vivemos um inferno por conta disso”, diz. José Mário lembra que portas, placas de metal e janelas são alguns dos objetos que já foram furtados do equipamento. Em maio deste ano, moradores denunciaram que ouviram trocas de tiros durante a madrugada.

“Lembro com um misto de saudade e tristeza dos tempos que o CCB era utilizado para grandes eventos. Era uma referência na região. A arquitetura, muito avançada para a época, despertava elogios e admiração de todos que visitavam Salvador”, relembra Elenize Velame, presidente da Associação dos Moradores Arnaldo Lopes da Silva - Stiep. Em 2010, o espaço chegou a sediar a 12º edição do Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU).

Moradores também lamentam a desvalorização dos imóveis na localidade com a degradação do antigo Centro de Convenções. “A indiferença das autoridades estaduais em preservar este equipamento ou destiná-lo para um uso em benefício para a população transmite a sensação de total descaso e desrespeito para resolver este problema. Não temos o sentimento de que haja algum interesse por parte das autoridades em resolver este impasse”, denuncia Elenize.

O imbróglio que envolve o equipamento, no entanto, está perto do fim. Em junho, uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 5º Região cancelou penhora do imóvel após um acordo firmado entre as partes. A partir da decisão da Justiça, o Centro de Convenções não serve mais como garantia para o pagamento da dívida do Estado aos ex-funcionários da Bahiatursa.