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Violência contra funcionários é rotina em escola onde diretor foi agredido em Valéria


 

Pais e até alunos são apontados como autores de agressões na Escola Estadual Professora Noêmia Rêgo

  • Wendel de Novais

Publicado em 16/09/2024 às 16:00:00
Profissionais denunciam violência em colégio. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Seja verbal ou física, a violência está presente na Escola Estadual Professora Noêmia Rêgo, em Valéria, tanto como carteiras e quadros. O local, onde um diretor foi agredido com socos pela mãe de uma aluna suspensa por mau comportamento na última quinta-feira (12), tem se tornado um ambiente hostil para os servidores. Quem diz isso são os próprios profissionais, que foram ouvidos pela reportagem após o último episódio de violência provocar a suspensão de dois dias de aula no local.

Tanto na sexta-feira (13) como nesta segunda-feira (16), as atividades foram interrompidas por motivos diferentes, segundo funcionários. Na sexta, foi em solidariedade ao diretor e, hoje, para que os membros do colégio e autoridades da educação estadual discutissem maneiras de frear o que os professores enxergam como uma escalada de violência. Entretanto, quando procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Educação (Sec), afirmou que a escola está tendo aula normalmente.

Na porta da instituição, porém, é possível atestar que todo estudante que chegava, era barrado na porta. A medida foi tomada principalmente pelo histórico recente, de acordo com uma educadora, que terá nome e cargo preservados. Segundo ela, há um mês a vice-diretora da instituição foi alvo de uma situação parecida e, no mesmo dia da agressão contra o diretor, outra mãe também tentou agredir uma funcionária.

"Uma mãe foi para cima da diretora, que só não foi agredida fisicamente porque funcionários estavam na hora e evitaram. A diretora deu uma queixa policial que até hoje não teve nenhum andamento. E, no mesmo dia dessa agressão contra o diretor, uma mãe entrou aqui para pegar uma funcionária porque ela disse que a funcionária estava perseguindo a filha dela. Isso porque a aluna estava fora de sala e cabe aos funcionários orientarem o retorno”, relata ela.

Outros funcionários abordados na frente da escola contaram que a agressão ao diretor foi algo que se concretizou, mas ressaltou que o medo de que isso aconteça já existia desde antes. “Da forma como os pais e os próprios alunos se portam, sem qualquer respeito, de maneira ofensiva e usando palavras de baixo calão, parece que a gente vive na eminência de que casos assim aconteçam com algum dos servidores”, fala uma outra funcionária, que também não revela o nome.

Todas as pessoas ouvidas pela reportagem destacam que tem sido comum que pais respondam a medidas disciplinares com agressões verbais, questionando os profissionais da escola. Segundo eles, essa não é uma situação de sempre, mas que começou a ser construída há uns quatro anos, oprimindo os educadores.

Escola se converteu em um ambiente violento para profissionais. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Outra novidade é o fato de que a violência é direcionada aos educadores “Antes, essa violência existia, mas era entre eles, o que já era ruim. Agora, já está atingindo funcionários de dentro da escola, professores. Se são contrariados de qualquer maneira, é motivo de xingamento, palavras de baixo calão mesmo. Amaioria dos nossos funcionários já são senhoras de 50 e 60 que têm que ouvir determinadas coisas, que é vergonhoso até a gente repetir”, completa a funcionária ouvida.

A Secretaria de Educação do Estado da Bahia (Sec) foi procurada para se posicionar sobre o caso, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.