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'Vim correndo buscar minha filha': tiroteio altera rotina de escolas em Plataforma


 

Alunos foram liberados em pelo menos cinco escolas. Mais de 900 alunos foram afetados na rede municipal

  • Wendel de Novais

Publicado em 18/10/2023 às 12:02:19
Colégio Estadual de Plataforma. Crédito: Wendel de Novais/CORREIO

Os portões de colégios da região de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, não pararam de abrir e fechar ao longo da manhã desta quarta-feira (18). E não foi para entrada de estudantes, mas sim para a saída após tiroteios serem registrados próximos a Rua dos Araçás, que fica às margens da Avenida Afrânio Peixoto, conhecida popularmente como Avenida Suburbana.

Na frente do Colégio Bertholdo Cirilo dos Santos, já às 9h45, a movimentação era intensa. Parte dos alunos deixaram a escola após ouvirem disparos por volta das 9h30 e serem liberados pelos professores. A pé, de carro ou motocicleta, os pais não pararam de chegar. "Ouvi o tiro e mandei logo mensagem para minha filha. Subi na moto e vim buscar correndo porque voltar para casa sozinha é um risco", disse, sem querer se identificar por medo.

Ao todo, a reportagem registrou cinco escolas que tiveram aulas afetadas após os disparos. Além do Bertholdo, são elas o Colégio Estadual de Plataforma, a Escola Municipal Ursula Catarino, a Escola Municipal São Braz e a Escola Municipal Machado de Assis, que está localizada próximo do fim de linha. Todos esses colégios tiveram estudantes liberados ao longo desta manhã.

 Nas portas das escolas municipais, os servidores informaram que as aulas continuaram, mas boa parte dos estudantes foi liberada após os pais comparecerem na porta das instituições.

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação (Smed) informou que "em decorrência da sensação de insegurança", as escolas municipais São Braz, Úrsula Catarino, Machado de Assis, Ivone Vieira, Itacaranha Manoel Faustino e Cmei Deputado Lourival Evangelista Costa estão com as atividades suspensas na tarde desta quarta-feira (18). Estão sem aula 986 alunos.

Uma mãe, que buscou o filho na Escola Municipal de São Braz, afirmou que não teria como deixar a criança seguir na aula. "Eu sei que é estudo dele, mas assunto consegue recuperar. Se tomar um tiro, como é que faz? Eu não deixo e muitos pais, como você está vendo aqui, também não conseguem deixar. É pegar, correr para dentro de casa e se esconder", afirma ela.

Nos colégios estaduais, os alunos também tiveram a oportunidade de permanecer, mas boa parte optou por sair. "A gente que é mais velho do quinto, sexto e sétimo ano quis sair. Alguns ficaram por medo dos tiros, mas eu e meus colegas achamos que o lugar mais seguro mesmo é dentro de casa. Os professores e servidores estão lá dentro cuidando dos que ficaram", relatou uma estudante.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, no período da tarde desta quarta-feira (18), as escolas não obtiveram a presença dos estudantes. A Secretaria Municipal foi procurada pela reportagem, mas não retornou sobre o mantimento das aulas desta quinta-feira (19).