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Um em cada cinco indígenas de terras demarcadas na Bahia é analfabeto


 

Das 11.596 pessoas indígenas acima de 15 anos em Terras Indígenas no estado, 2.113 não são alfabetizadas

  • Vitor Rocha

Salvador
Publicado em 04/10/2024 às 21:30:29
Indígenas. Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil

O analfabetismo atingiu um em cada cinco indígenas em territórios demarcados oficialmente na Bahia. No censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi apontado que 18,2% da população originária acima de 15 anos não sabia ler ou escrever. Apesar da redução porcentual em relação ao último censo, quando o estado registrou 26% no mesmo item, a Bahia subiu no ranking nacional do quesito, saindo da 13ª posição para a 11ª. Das 11.596 pessoas indígenas acima de 15 anos em Terras Indígenas no estado, 2.113 não eram alfabetizadas.

No Nordeste, o estado estagnou e se manteve na 5ª colocação. À frente da Bahia, estavam Maranhão, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Os baianos tiveram apenas a 16ª maior redução de analfabetismo de povos originários em terras indígenas, o que justifica a subida no ranking, como afirmou Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informação do IBGE na Bahia. “Não houve descaso na Bahia, mas a melhora não aconteceu no mesmo ritmo do país. Outros estados, especialmente no Norte do país, melhoraram mais, até porque tinham situações piores”, explicou.

Referência para o povo Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, a cacique Maria Valdelice Amaral destacou a vontade das novas gerações de tentar estudar. “Os jovens normalmente saem da aldeia para estudar ou trabalhar. Grande parte das aldeias não tem escola. Aqui a gente até tem uma que vai até o terceiro ano, mas não tem universidade”, contou.

Diminuindo o recorte para a população originária acima de 65 anos em terras demarcadas oficialmente a situação era mais grave: sete em cada 10 indígenas não sabiam ler ou escrever. Ao considerar a população indígena total do estado com a mesma faixa etária, o dado cai para cerca de 40,6%. “A alfabetização está muito marcada por um descaso do passado. Até os 35 anos, a discrepância entre os indígenas de dentro e fora das terras não é tão grande. Ela fica maior conforme as idades vão avançando”, informou Mariana.

Por outro lado, o cenário para a população indígena geral do estado melhorou, com uma redução de 3,2%. A Bahia tinha um índice 19,2% em 2010, enquanto em 2022, houve uma redução para 16%. Na classificação regional, os baianos saíram da quarta para a nona posição. De acordo com o levantamento do IBGE, os municípios baianos com mais indígenas analfabetos em 2022 eram Porto Seguro (1.953), Ilhéus (1.506) e Eunápolis (1.206). Salvador vinha logo em seguida, com 1.127.