Três indiciados por envolvimento na morte de Mãe Bernadete estão foragidos
Outros três foram presos em setembro
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
Três indiciados por envolvimento na morte de Mãe Bernadete estão foragidos. Josevan Dionísio dos Santos, 26 anos, Ydney de Jesus, 28, e Marílio dos Santos foram denunciados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por homicídio qualificado por motivo torpe, de forma cruel, e sem chance de defesa da vítima.
Josevan Dionísio tem mandados de prisão em aberto por homicídio e tem passagens pela polícia, com atuação de tráfico de drogas e autoria de assassinatos nas cidades de Simões Filho e Madre de Deus, ambas da Região Metropolitana de Salvador. Ele teria sido um dos executores da líder quilombola.
Ydney de Jesus, o Café, era conhecido da líder quilombola e tinha uma barraca situada na área do Quilombo Pitanga dos Palmares. Antes do crime, ele teve uma discussão acalorada com Mãe Bernadete.
Por fim, Marílio dos Santos, que possui mandado prisão em aberto pelo homicídio e também já foi alvo da a Operação Tarja Preta, da Polícia Federal, e preso pelo Draco em 2018. Junto com Café, o denunciado é líder de um grupo criminoso que pratica tráfico de drogas na região.
Outros três indiciados foram presos pela polícia em setembro. Arielson da Conceição Santos, 24, trabalhava em uma barraca dentro do território do quilombo e recebeu a ordem para matar Mãe Bernadete. Após o crime, ele repassou as armas para o Carlos Conceição Santiago e fugiu para Araçás, onde foi preso no dia 1º de setembro.
Conhecido como Guioday, Carlos Conceição Santiago, 47, guardou as armas do crime após recebê-las de Arielson, e deu fuga a ele, levando-o para Araçás. Ele também foi preso no dia 1º de setembro, em Simões Filho. Carlos foi indiciado em um segundo inquérito, também concluído Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Por fim, Sérgio Ferreira de Jesus, 45, que instigou o homicídio e prestou auxílio, indicando melhor rota para o local do crime e avisou aos traficantes que a vítima chamaria policiais para derrubarem a barraca. Ele tinha se desentendido com Mãe Bernadete por praticar extração ilegal de madeira na região. Preso no dia 4 de setembro, em Simões Filho.
Motivação do crime
A morte da líder quilombola Mãe Bernadete teria sido uma retaliação de um grupo de tráfico de drogas que atua na região do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. A conclusão é da Polícia Civil, que indiciou seis envolvidos no crime, entre eles, um morador do quilombo que teria instigado os traficantes a cometerem o crime.
De acordo com a delegada geral da Polícia Civil, Heloísa Brito. A extração ilegal de madeira e o tráfico de drogas na região são fatos que acabaram se correlacionando e originaram a motivação do crime.
Antes de discutir com Mãe Bernadete, Sérgio Ferreira de Jesus, que extraía madeira de forma ilegal na região, teve o material apreendido pela Polícia Militar e apontou a líder quilombola como denunciante. A partir desse momento, ele começava a articular com traficantes da região o crime.
Além disso, os suspeitos ligados ao tráfico de drogas começaram a montar uma barraca chamada 'Point Pitanga City' à beira da barragem. O local seria utilizado para comercialização de entorpecentes e realização de festas dos indiciados Marílio e Ydney. Mãe Bernadete teria denunciado oficialmente a construção dessa barraca.
"Após perceber essa movimentação contra a construção dessa barraca, manda um áudio aos traficantes da região, informando que Mãe Bernadete teria chamado a polícia, que ela não ia deixar que o tráfico se instalasse na região. Ele faz isso porque também estava indignado porque a líder quilombola estava criando obstáculos sobre a extração ilegal de madeira da parte dele", disse Heloísa Brito em entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira (16).
De acordo com a Polícia Civil, diligências continuam no sentido de localizar os foragidos. Para colaborar, a população pode fornecer informações sem precisar se identificar, para o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ligando 181.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro