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Suspensão de atendimento no Hospital da Bahia causa transtorno aos usuários do Planserv


 

Beneficiários do plano de saúde recorreram a outras unidades de saúde, como o Hospital de Brotas

  • Gilberto Barbosa

Publicado em 07/11/2024 às 22:29:10
Hospital da Bahia. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

O dia foi frustrante para os usuários do Planserv - plano de saúde dos servidores estaduais - que foram no Hospital da Bahia nesta quinta-feira (7). A unidade suspendeu o atendimento de urgência e emergência para os beneficiários do plano, mantendo apenas o atendimento ambulatorial e a realização de procedimentos eletivos.

A reportagem foi até o Hospital e constatou a presença de placas na recepção e no elevador, informando que os atendimentos passarão “a ser exclusivamente eletivos e referenciados, requerendo autorização prévia”. O Hospital também indicou que os beneficiários deverão procurar os canais de comunicação do plano para obter informações sobre a rede credenciada. Funcionários evitaram falar se houve procura por atendimento entre as pessoas que usam o Planserv.

Mensagem está na recepção e elevadores da unidade. Crédito: Gilberto Barbosa/CORREIO

A situação afetou a qualidade do atendimento em outras unidades de saúde, como o Hospital de Brotas. Dedicado aos beneficiários do plano, o local registrou um tempo de espera de até três horas para atendimentos. Uma das afetadas foi a professora aposentada Maria Andrade, 68 anos que foi ao Hospital da Bahia - onde, normalmente, costuma ser atendida - sentindo dores do peito. Ao chegar no hospital, ela foi informada que não poderia entrar na unidade.

“Fui orientada a ir para o Hospital de Brotas. Cheguei lá 11h e só fui atendida 15h. Fiz um exame e demorou muito. O resultado só saiu 19h. Uma parte do hospital ainda está em obras e tem poucos funcionários. No final, me mandaram tomar dipirona em casa. No Hospital da Bahia sempre tive um atendimento de maior qualidade”, relatou.

Hospital de Brotas teve espera de até três horas para atendimento. Crédito: Reprodução

Indignada, a aposentada refletiu sobre a queda na qualidade do plano. “Pago quase R$ 2 mil de Planserv e, toda vez que preciso usar, é um sacrifício. É um desrespeito com os servidores”.

As reclamações dos beneficiários do plano antecedem o anúncio do fim do atendimento. O empresário Pedro Fonseca, 25, contou que procurou a rede no dia 26 de outubro após sofrer um acidente com um objeto metálico.

“Eu estava trabalhando e tive um corte profundo na lateral do rosto. Fui procurar atendimento no hospital por saber do histórico do plano e, chegando lá, não consegui entrar na emergência porque o segurança chegou perguntando qual plano de saúde que eu tinha convênio. Quando respondi, ele falou que não podia entrar porque ali não atendia mais Planserv. Fui para o Hospital de Brotas e consegui atendimento lá”, falou.

O Hospital da Bahia e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) foram procurados, mas não responderam até o fechamento desta reportagem.

Entenda o caso

A suspensão dos atendimentos ao Planserv acontece porque o Hospital da Bahia, que pertence ao grupo Dasa, está em processo de aquisição por outro grupo nacional, a Rede D'Or São Luiz. Conforme apurou o CORREIO, a medida ocorreu “por motivos de alteração no modo de atendimento do hospital” para que o processo de venda fosse concluído.

Com sede no Rio de Janeiro, o Grupo Rede D'Or São Luiz está presente em diversos estados: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão e Sergipe. Em Salvador, o grupo já controla os hospitais Aliança, São Rafael, Aeroporto e Cardio Pulmonar e entregará, em poucos dias, o Star Aliança.

Para suprir o problema, o Planserv anunciou medidas para expansão dos atendimentos em outras unidades da região, como no Hospital da Pituba e o pronto atendimento San Miguel (antigo Santa Clara). Também destinará 18 leitos do Hospital Português para usuários do plano.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), admitiu, nesta quinta-feira (7), que a suspensão do atendimento do Planserv no Hospital da Bahia trará “transtornos” ao sistema de saúde do estado.

“Qualquer dificuldade com hospital, como o Hospital da Bahia, gera um transtorno porque a quantidade de pessoas ali atendida vai acumular em algum lugar. Então, pedi ao secretário (da Administração) Edelvino Góes para que a gente pudesse se preparar”, declarou o governador, em entrevista à imprensa.

Jerônimo afirmou que foi uma decisão do Hospital da Bahia encerrar o contrato com o governo. A rede Dasa, que controla a unidade de saúde, informou, por sua vez, que após “meses de tratativas para solucionar um equilíbrio econômico, não foi possível chegar a um acordo e fez-se necessária uma alteração contratual”.

“Nesse sentido, a partir do dia 07/11/2024 a unidade atenderá aos usuários do plano para situações eletivas e referenciadas, com prévia autorização. Não poderão ser mais realizados atendimentos de emergência”, acrescentou, em em nota enviada ao CORREIO

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva