Supermercado anuncia fim de três unidades e gera corrida de clientes
Unidades do Bompreço em três bairros serão fechadas
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Maysa Polcri
maysa.polcri@redebahia.com.br
No corredor de uma grande rede de supermercados, Vanda Santos coloca 20 unidades de detergentes verdes e vermelhos no carrinho de compras. A alguns passos de distância, homens e mulheres se amontoam em frente a caixas de leite em promoção. Em segundos, o burburinho ganha força. O vai e vem de clientes apressados se mistura com uma quantidade atípica de prateleiras vazias. É o cenário da corrida de clientes aos três supermercados do Bompreço que vão encerrar suas atividades em dezembro.
Em busca de promoções, os consumidores fazem filas nas unidades do supermercado no Canela (Av. Araújo Pinho), Rio Vermelho (R. Marquês de Monte Santo) e do Imbuí (R. Jayme Sapolnik). Todas as três lojas anunciaram que vão encerrar suas atividades no dia 13 de dezembro. Quando soube que haveria condições especiais de compra, Vanda correu à loja mais próxima de casa, no Rio Vermelho.
“Eu não costumo vir aqui porque acho um mercado caro. Prefiro comprar nos atacados. Mas vim quando soube das promoções, decidi vir. Encontrei leite por R$3, então valeu a pena”, comentou a cliente. O problema, segundo ela, é que os são poucas unidades para muitos interessados. “Tudo acaba muito rápido, então não dá para aproveitar direito”, completou.
Ao encontrar produtos de limpeza na promoção, Vanda aproveitou para comprar detergente para dividir com familiares. Na proporção em que as filas nos caixas crescem, as prateleiras ficam cada vez mais esvaziadas. No supermercado do Canela, barricadas foram montadas com estrados de madeira para evitar que os clientes se aproximem do setor de padaria. As promoções incluem, além de produtos de limpeza, alimentos não perecíveis, bebidas e sorvetes.
O Grupo Carrefour, dono do Bompreço, foi questionado sobre o futuro das três lojas da marca, mas não retornou aos questionamentos da reportagem até esta publicação. Nos últimos anos, unidades do Bompreço foram convertidas em Atacadão, que também faz parte do Carrefour. Foi o que aconteceu com as lojas localizadas na Avenida Garibaldi, Brotas e Itapuã.
No caso do Rio Vermelho, um novo supermercado, da marca Redemix, está sendo construído em um terreno ao lado. A previsão de inauguração é para abril de 2025. Antes, o terreno era ocupado pelo McDonald’s mais antigo de Salvador. Outra unidade da lanchonete também será inaugurada no terreno.
Para Olímpia Ribeiro, moradora do Rio Vermelho, o fechamento do mercado deixará uma lacuna no bairro. Isso porque, para fazer compras em grandes redes, será preciso se deslocar à Av. Vasco da Gama ou Pituba. “Será mais difícil para os vizinhos que não têm carro e vão às compras a pé. Vai fazer uma falta muito grande enquanto o outro mercado não abrir”, lamenta.
Caça às promoções
Carla* mora no Vale das Pedrinhas e também resolveu buscar preços mais baixos no supermercado. Ela conta, no entanto, que enfrentou dificuldades na hora de fazer o pagamento. Apesar de o preço do óleo de soja nas prateleiras ser de R$3,49, o valor de R$9,19 foi cobrado no caixa. “Percebemos que os funcionários do mercado estão priorizando a venda para donos de supermercados de bairro. Eles estão levando os valores promocionais”, reclamou.
Além de Carla, outros clientes denunciaram que donos de supermercados menores estão tendo prioridade nas compras. “Viemos vários dias da semana passada e percebemos que os funcionários colocam poucos produtos nas prateleiras e vendem outras unidades diretamente a donos de supermercados”, falou. Segundo eles, os negócios são feitos no estacionamento. O Carrefour não comentou as denúncias dos clientes.