‘Sou filha dela’, diz estudante que comemorou os 15 anos em Santa Bárbara
Bárbara Larissa foi vestida de baiana e de vermelho, mantendo a tradição
-
Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
Quando a mãe de Bárbara Larissa sentiu as primeiras contrações para ter a menina era o começo do dia 4 de dezembro. A mulher que sempre foi devota de Santa Bárbara deu à luz no mesmo dia da religiosa e entendeu que isso era um sinal. Nesta segunda-feira (4), Bárbara Larissa foi comemorar os 15 anos na festa, toda de vermelho e com presentes para aquela que ela considera como segunda mãe.
“Sem Santa Bárbara eu não sou nada, nem fico em pé. Ela me guiou para que nascesse no dia dela, porque eu também sou filha dela. Minha mãe já era devota há muitos anos, muito antes de eu nascer. A gente tem um altar em casa, toda quarta-feira a gente acende vela para ela e todo ano venho para a festa vestida de baiana”, contou a adolescente.
Nem mesmo a pandemia impediu a família de comparecer à igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, de onde a imagem parte para as celebrações. Nesta segunda-feira, Bárbara menina levou um cesto com bolinhos de acarajé e duas imagens para a Bárbara Santa. Assim como ela, outros devotos levaram terços, imagens, fotografias, rosas e objetos pessoais de valor sentimental.
A multidão tomou a ladeira do Pelourinho formando um enorme tapete vermelho e branco. Como a data também celebra Iansã, candomblecistas se juntaram aos católicos para festejar. Um palco foi montado em frente a Fundação Casa de Jorge Amado de onde foi celebrada uma missa campal. O padre Lázaro Muniz, responsável pela festa, afirmou que a história de Santa Bárbara fala sobre a luta das mulheres.
“É uma festa preparada com a influência muito grande das mulheres, são elas as mais devotas, porque se identificam com Santa Bárbara e com Iansã. São mulheres guerreiras, decididas na fé, na espiritualidade e na luta em favor da vida. Isso é muito importante. Ela foi uma jovem tão simples e que na simplicidade da vida fez acontecer o amor”, disse.
Bárbara era filha de um nobre rico e a família vivia às margens do Mar de Mármara, na atual Turquia. Ela conheceu e se converteu ao cristianismo muito jovem, mas ser cristão não era permitido pelo império. Ela foi denunciada às autoridades pelo próprio pai, foi presa e torturada para negar a fé, porém a santa não cedeu e morreu durante os castigos.
Procissão
A missa no Pelourinho teve cânticos, presença de autoridades públicas e benção com direito a água benta. A multidão de se apertava no gradil conseguiu fazer orações, fotos e tomar a hóstia. Por volta das 10h a procissão teve início sob pétalas de rosas. Primeiro, passaram os andores com os diversos santos da igreja do Rosário do Pretos e, por último, o andor de Santa Bárbara. Homens e mulheres fizeram um revezamento para carregar.
O público caminhou em oração até o Terreiro de Jesus, onde um minitrio aguardava para prosseguir com as homenagens. A primeira parada foi no 1º Grupamento dos Bombeiros Militares, na Barroquinha, onde as sirenes dos carros e caminhos foram acionadas para fazer a recepção. Houve vivas a Santa Bárbara e a Iansã, a banda do Corpo de Bombeiros fez as saudações e jatos d’água ajudaram a aliviar o calor.
O comandante geral dos Bombeiros, coronel Marchesini, fez as honras. “Ela é a protetora do Corpo de Bombeiros e nós estamos, nesse momento, no combate a um incêndio florestal violento na Bahia. Não paramos de trabalhar e tivemos que acionar a equipe de reforço, mas não poderíamos deixar de valorizar a nossa santa”, afirmou.
A festa desse ano trouxe de volta a distribuição do caruru dos Bombeiros. Foram 1,5 mil refeições entregues. A fila avançava pelo portão principal, virava a esquina e continuava por mais alguns metros. Militares também ajudaram a carregar o andor. Houve uma nova parada em frente ao Mercado de São Miguel e mais uma no Mercado de Santa Bárbara, ambos na Avenida J.J. Seabra. A festa foi encerrada na igreja, com mais música e orações.
Confira as próximas festas religiosas:
8 de dezembro – Dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia. A data é um dia de feriado no estado. Em Salvador, as celebrações serão realizadas na igreja dedicada à Santa, no bairro do Comércio, em frente ao 2º Distrito Naval.
13 de dezembro – Dia de Santa Luzia, protetora dos olhos. A data não é feriado em Salvador e nem no restante da Bahia, mas costuma atrair multidões para a igreja de Nossa Senhora do Pilar e de Santa Luzia, no Comércio, próximo ao túnel Américo Simas, com missas e procissão.
25 de dezembro – O nascimento de Cristo é celebrado com missas e orações nas principais igrejas de Salvador. A programação dura o dia inteiro e começa com a Missa do Galo, celebrada na Véspera de Natal, à meia-noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro.