'Só fazia o bem', diz vizinha sobre ex-candidato a vereador morto em Itinga
Kel do Povo, como era conhecido, tinha projeto social no bairro onde foi morto
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
A morte de Kleber Lima de Jesus, 47 anos, no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), abalou moradores do local. A vítima, que era conhecido como Kel do Povo, atuava como líder comunitário no bairro e chegou a ser candidato a vereador de Lauro no ano de 2020, mas não venceu o pleito. Kel foi morto a tiros no início da tarde de quarta-feira (23) na localidade do Jardim Talismã, mas ninguém sabe o porquê.
É isso que indica uma moradora, que prefere não se identificar por medo. "Estão todos aqui sem entender, ele só fazia o bem. Não existe nem porque, na verdade. Nós conversamos aqui e ninguém sabe de motivação para isso. Ele não tinha inimigos, não sofria ameaças. Pelo contrário, era alguém que o povo gostava muito", fala ela, em prantos pela morte o ex-candidato.
Em Itinga, Kel tinha um centro onde promovia diversas ações para a comunidade. O local é conhecido como Centro do Povo e, ainda de acordo com moradora, funcionava até em dia de domingo para oferecer serviços gratuitos para a população mais carente do bairro.
"Toda quinta-feira ele dava sopa no espaço, no domingo cortava o cabelo dos meninos de graça. Na semana, levava o povo para tirar documento. Kel não tinha nada nas mãos, ajudava o próximo de todas as formas e até vendia gás em um valor mais acessível para nós daqui", fala ela.
Foi justamente no Espaço do Povo que Kel foi executado. Moradores indicam que ele teria sido morto com 'dezenas de tiros'. Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver Kel entrando no espaço e, logo em seguida, dois homens encapuzados chegarem correndo com armas em punho.
Ainda não há informações sobre as circunstâncias do crime, mas a 27ª Delegacia Territorial (DT) de Itinga foi acionada e expediu as guias para remoção e perícia. De acordo com a Polícia Civil (PC), a autoria e motivação ainda são desconhecidas. Por isso, oitivas serão agendadas e diligências realizadas para auxiliar na investigação.
A moradora relata um cenário de lamento entres as pessoas que eram beneficiadas pelas ações que Kel do Povo promovia. "Kel ajudou gente demais por aqui. Tem muita mãe de família aqui chorando pelo o que aconteceu com ele. Ontem mesmo, quando contei aos meninos que não ia ter sopa, todos ficaram triste. A violência está demais e tira tudo da gente", completa ela.
O corpo de Kleber permanece no Instituto Médico Legal (IML) e nenhum familiar apareceu para fazer a liberação.