Salvador tem três terreiros para cada dia do ano
São 1.118 unidades cadastradas em toda a cidade
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Da Redação
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Tem uma sabedoria popular em Salvador que diz que a cidade tem uma igreja católica para cada dia do ano, mas se a brincadeira fosse realizada com os terreiros, o número seria três vezes maior. É que a capital baiana tem 1.118 templos de candomblé registrados na prefeitura - entidades de classe afirmam que o número é ainda maior. A estimativa é de que sejam pouco mais de 2 mil, porque alguns espaços ainda não se cadastraram oficialmente.
O terreiro mais antigo da cidade é o Casa Branca, no Engenho Velho da Federação, que foi fundado ainda na época do Brasil Império. Nesta quinta-feira (9), representantes do terreiro foram até o Espaço Cultural da Barroquinha, no Centro, onde ele ficava antes de ser transferido, para acompanhar a assinatura do decreto de lançamento do projeto Casa Odara.
O projeto vai funcionar assim: uma comissão municipal visita o terreiro e o líder da casa aponta as melhorias mais urgentes, como a reforma do telhado, a proteção de uma encosta ou a revisão da parte elétrica. O investimento é de até R$ 30 mil por imóvel. Serão 100 terreiros contemplados nessa primeira fase, e a meta é alcançar os 1.118 templos cadastrados no município em até quatro anos.
Já na ação de regularização fundiária a comissão vai orientar os terreiros a como conseguir a documentação necessária para receber o título de propriedade dos imóveis. Dos 1.118 cadastrados apenas nove estão com a pelada completa. A medida consta no Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa. O prefeito Bruno Reis (União Brasil) assinou o decreto diante de um auditório lotado.
“Isso representa a certeza, a garantia, de que aquela área é de vocês e ninguém jamais vai poder tirar, independentemente de quem seja o prefeito, o governador ou o presidente”, afirmou.
Ele contou que o projeto é pioneiro no Brasil e que surgiu depois dos inúmeros bilhetes que ele recebeu durante os eventos oficiais com pedido de ajuda para reformas e garantia de escritura.
Desenvolvido pela Secretaria Municipal de Reparação (Semur), o Casa Odara também tem a participação das secretarias municipais de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), da Fazenda (Sefaz), de Desenvolvimento Urbano (Sedur).