Saiba quem arrematou leilão de diamantíferos em cidade 'perdida' na Bahia
Área foi leiloada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB)
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Maysa Polcri
maysa.polcri@redebahia.com.br
O depósito de diamantíferos de Gentio de Ouro, considerada a cidade 'perdida' na Bahia, foi leiloado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), na quarta-feira (27). A empresa A.S.X Mineração, que tem origem no Maranhão, arrematou a área que equivale a 3.429 campos de futebol, localizada na vila Santo Inácio. Além de poder explorar a riqueza mineral baiana, a A.S.X também arrematou área na cidade de Natividade (TO), onde há estimativa de 724 mil toneladas de ouro.
O Serviço Geológico do Brasil, responsável pelo certame, é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Foi a segunda segunda tentativa de leiloar o depósito de Diamantes de Santo Inácio em menos de seis meses. No dia 4 de junho deste ano, uma sessão pública foi aberta, mas nenhum interessado se cadastrou.
Dessa vez, a empresa A.S.X Mineração, que atua no ramo de extração de metais preciosos, ofereceu um percentual de 3,20% de bônus de produção, com garantia de R$ 50 mil, no leilão. Para arrematar o projeto Ouro de Natividade, no Tocantins, a mineradora ofereceu percentual de 1,10% sobre a receita bruta mensal dos minérios explorados, a título de bônus de produção, além da garantia de proposta de R$ 50 mil.
“A realização desses leilões é um marco para o SGB e todo o país. Os ativos estão em regiões com histórico de produção diamantífera e aurífera. Portanto, há um grande potencial de atrair investimentos e alavancar a economia das regiões, por meio de atividades minerais sustentáveis”, disse o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo. O leilão foi realizado na última quarta-feira (27), em Brasília.
O leilão foi feito no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Presidência da República. Em Santo Inácio, o SErviço Geológico estima investimentos de R$ 5 milhões em pesquisas e cerca de 245 milhões de toneladas de cascalho diamantífero. O depósito diamantífero é a área onde se concentram diamantes.
Projeto antigo
Transformar a pacata vila de Santo Inácio em um polo de exploração de minerais é um desejo antigo do governo brasileiro. Entre 1985 e 1989, o projeto Diamante de Santo Inácio, do Serviço Geológico Brasileiro, mapeou a região. Foram realizadas sondagens de 7,8 quilômetros de profundidade, abertura de 22 poços de pesquisa e remoção de 3 mil m³ de material. Segundo o SGB, naquele período foram extraídas 279 pedras, dentre gemas, diamantes industriais e carbonados.
Mesmo com o potencial econômico, os moradores da região dificilmente enriquecem com a extração dos diamantes de Santo Inácio atualmente. É o que conta Oscar Guedes, que foi secretário de Turismo de Gentio do Ouro até 2018. "No século XIX, foram descobertos diamantes na cidade, mas a extração era melhor de ser realizada em Lençóis, que se desenvolveu mais. Em Santo Inácio, no passado, as pessoas enriqueciam com os diamantes, mas hoje é raro", explica. Segundo ele, não há empresas atuando na região.
O Censo 2022 revelou que o município de Gentio do Ouro tem 10.884 habitantes. A cidade é pouco povoada, com taxa de 2,85 habitantes por quilômetro quadrado. Em Salvador, cidade mais populosa da Bahia, a densidade demográfica é de 3,4 mil moradores. O salário médio dos moradores de Gentio do Ouro é de 1,8 salário-mínimo, e a taxa da população ocupada é de 7,28%.
Cidade perdida
Mas, afinal, o que faz Santo Inácio ser conhecida como 'cidade perdida'? Moradores e pesquisadores acreditam que a vila é a cidade Z, descoberta pelo pesquisador britânico Percy Fawcett, em cuja história se baseia o filme The Lost City of Z (Z: A Cidade Perdida), com cenas gravadas na Colômbia e na Irlanda do Norte.
Oscar Guedes, ex-secretário de Gentio do Ouro, é um dos que levantam essa bandeira. Segundo ele, as semelhanças entre os documentos de Percy Fawcett vão desde a estrutura de pedras até a fauna da região. "São informações como a localização ser do outro lado do rio, o tempo para chegar montado a cavalo, entre outras coisas. As observações são diversas", diz Guedes.