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Saiba quais são as cidades baianas com mais roubos e furtos de celulares do Brasil


 

Ocorrências dos crimes cresceram 16,7% em um ano na Bahia

  • Maysa Polcri

Publicado em 19/07/2024 às 09:37:40
Cinco cidades da BA estão entre as 50 com mais registros. Crédito: Agencia Brasil/Divulgação

O analista de comunicação Lucas Dias, 22 anos, caminhava pelo bairro da Federação, em Salvador, quando teve o celular roubado por um homem que pilotava uma moto, no ano passado. Quatro meses antes, ele tinha sido vítima de outro assalto, desta vez em um ônibus na capital baiana. Foram dois celulares subtraídos em um curto período. Vítimas de crimes desse tipo se acumulam na Bahia - as ocorrências cresceram 16,7% em um ano - de 63.311, em 2022, o número saltou para 73.907 em 2023. Duas cidades baianas estão entre as cinco com mais registros.

O ranking dos municípios brasileiros com as maiores taxas de roubos e furtos de celulares foi divulgado pela 18º edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, na quinta-feira (18). Salvador aparece em quarto lugar, com 1.716,6 crimes a cada 100 mil habitantes. Em seguida, está Lauro de Freitas, cidade da Região Metropolitana de Salvador (RMS), com taxa de 1.695,8. As cidades baianas estão atrás de Manaus (2.096,3), Teresina (1.866) e São Paulo (1.781,6).

Crimes desse tipo estão cada vez mais comuns na Bahia. A diferença entre eles é que, no roubo, há violência. Segundo Renato Sérgio Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que realiza a pesquisa, os celulares são porta de entrada para outros crimes, como golpes e empréstimos falsos. Além de se aproveitarem do aparelho telefônico, os assaltantes invadem contas de banco e redes sociais.

“O celular passou a ser a porta de entrada mais fácil para uma série de golpes, que têm gerado uma receita muito alta para o crime. Roubar um celular é mais rentável do que roubar um banco, por exemplo. Estudos mostram que com cinco ou seis celulares, em média, é possível dar golpes de valores de um caixa eletrônico”, diz. É a primeira vez que a pesquisa revela dados sobre as ocorrências com o recorte de municípios, por isso, não há como comparar com dados anteriores. 

Lucas Dias, que foi roubado duas vezes em quatro meses, conta que o alvo foram os dados da sua conta bancária em um dos episódios. “Eu estava sentado no fundo do ônibus e um homem me abordou dizendo que estava armado. Ele queria, na verdade, acessar as contas do banco no meu celular, mas não tinha dinheiro. Por isso, ele levou o aparelho”, conta.

Em dezembro do ano passado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), lançou o programa Celular Seguro, que alerta operadoras de telefonia e bancos em caso de roubo ou furto do aparelho. É preciso se cadastrar previamente na plataforma e registrar a ocorrência no aplicativo. Não há garantia de bloqueio automático das contas, mas o objetivo é facilitar a vida de quem é vítima.

Um mês após o lançamento da plataforma, a Bahia já aparecia em quarto lugar com o maior número de ocorrências registradas no aplicativo. Àquela altura, eram 718 bloqueios no estado. Os dados mais atualizados, fornecidos pelo MJSP, apontam que a Bahia subiu para o quarto lugar no ranking. Com 5.222 pedidos de bloqueio no Celular Seguro, o estado só perde para São Paulo e Rio de Janeiro (veja abaixo). 

Pedidos de bloqueio no Celular Seguro até o dia 18 de julho. Crédito: Reprodução/MJSP

Além de Salvador e Lauro de Freitas, outras três cidades da Bahia estão entre as 50 brasileiras com as maiores taxas de roubos e furtos de celulares. São elas: Camaçari (1.066,3), Simões Filho (973,3) e Feira de Santana (761,5). Os números absolutos de aparelhos não foram divulgados.

Para diminuir a prática desses crimes, é preciso que investigações da polícia cheguem aos receptores dos aparelhos roubados, segundo especialistas. No dia 11 de julho, 38 celulares foram apreendidos por policiais da 2º Delegacia Territorial de Feira de Santana. O flagrante aconteceu no bairro da Gabriela, depois de denúncia de que um homem estaria vendendo aparelhos roubados. Também foram encontradas munições para pistolas.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP) afirma que "são constantes os investimentos em tecnologia, inteligência, equipamentos, capacitação e reforço dos efetivos, com o objetivo de combater as organizações criminosas que violentam as comunidades". 

A advogada Tamíride Monteiro, especialista em Direito Digital e cybercrimes, dá dicas para evitar golpes. "Para mitigar os danos, o usuário pode dispor de aplicativos para localizar o aparelho e apagar as informações, em caso de roubo. Além de usar senhas mais complexas e biometria facial", diz. A especialista reforça a importância do registro da ocorrência. 

"A vítima deve proceder de imediato o registro de ocorrência para que a polícia possa mapear os crimes. Outro ponto importante é comunicar o roubo ou furto no site gov.br com o IMEI em mãos para que esse aparelho não possa ser comercializado e, assim, mitigar e até impedir o repasse para venda aparelhos roubados", diz.

Pessoas que comprarem celulares roubados, mesmo que sem intenção, também podem ser responsabilizados por receptação. A pena pode chegar a quatro anos de reclusão. 

Roubos acontecem mais na rua e em dias de semana

Ao contrário do que acontece na Bahia, o volume de ocorrências de roubo e furtos de celulares teve redução de 4,7% no Brasil, em comparação com 2022. Ainda são quase 1 milhão de aparelhos subtraídos no país. A 18º edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública detalha como as ocorrências acontecem.

As vias públicas foram o local do crime em 78% dos roubos de celulares no Brasil no ano passado. No caso dos furtos, ruas e avenidas responderam por 44% dos locais. No que diz respeito aos dias da semana, os furtos apresentam maior incidência nos finais de semana: sábados e domingos somam 35% dos registros. Os roubos, por sua vez, são mais frequentes entre terça e sexta-feira.

Em relação ao sexo das vítimas, os furtos de celular atingiram homens e mulheres na mesma proporção no Brasil, mas os roubos foram mais prevalentes entre homens (58% dos casos). O grupo mais atingido pelos crimes são jovens de 20 a 29 anos.

A pesquisa detalha ainda o perfil racial das vítimas. Enquanto as brancas apresentam taxas de furto maiores, as negras sofrem mais com os roubos - crimes que ocorrem com violência.