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Ratos, alagamentos e sujeira são problemas na Feira de São Joaquim


 

Trabalhadores e frequentadores relatam rotina

  • Gil Santos

Publicado em 17/04/2024 às 16:16:12
Poça foi formada após a chuva desta quarta-feira. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Feira de São Joaquim, manhã de quarta-feira (17). Enquanto a comitiva do Governo do Estado percorria as ruas estreitas e visitava boxes que serão reformados, algumas pessoas se assustaram com um rato morto. A cabeça do animal estava presa no alto da porta, para o lado de dentro, enquanto o corpo estava para fora. Clientes e feirantes contam que a cena, apesar de sempre gerar impacto, é um problema antigo, assim como alagamentos, sujeira e furtos. O local será requalificado nos próximos dois anos.

Quem trabalha ou frequenta a Feira de São Joaquim, em Água de Meninos, tem uma lista de problemas para apontar, mas a presença de roedores circulando entre as bancas lidara as reclamações. Em época de chuva, como nos últimos dias, as poças tomam ruas inteiras e há restos de alimentos pelos cantos. Nesta quarta-feira (17), começou a 2ª etapa da reforma do local, contemplando 407 boxes, 116 bancas e 53 pallets.

A professora Isabel Lima, 48 anos, contou que frequenta a Feira de São Joaquim há cerca de 30 anos, quando a família mudou do Recôncavo para Salvador. Ela destaca a variedade de produtos como um dos principais atrativos da feira, mas tem reclamações sobre as condições do local.

"Já vi ratos na feira. Tem bueiros abertos, ruas com calçamento incerto, o que traz dificuldade para idosos e pessoas com deficiência caminharem. Tem também muitos pontos de alagamento. Eu já perdi uma roda do carrinho de compras que ficou presa em uma tampa de bueiro que estava mal colocada", contou a professora.

Telhado não suportou a chuva. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Segundo os frequentadores, a limpeza da feira ocorre em dois momentos: de manhã e de tarde, mas há trabalhadores que não respeitam o horário e descartam resto de alimentos de forma irregular, o que acaba atraindo moscas, ratos, baratas e outros insetos. A feirante Nanci Marques, 48 anos, trabalha desde muito nova na Feira de São Joaquim e contou que já teve produtos furtados. Ela está com expectativas em relação à reforma.

“É preciso fazer uma padronização das bancas, resolver os problemas de alagamento e também que o feirante crie consciência. O rapaz [funcionário da Limpurb] faz a limpeza nos horários certos, mas muitos feirantes descartam as vísceras dos animais logo depois. Isso atrai muitos insetos. A gente precisa de uma reforma urgente”, contou.

Ela também cobrou mais segurança. Clientes apontaram a necessidade de instalar lixeiras e coberturas nas ruas para evitar chuva e sol forte, e trabalhadores disseram que obras de drenagem são urgentes por conta dos alagamentos que geram prejuízos como perda de mercadoria e queda nas vendas.

Ratos e outros animais e insetos são atraídos para o local. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Fases

O presidente do Sindicato dos Feirantes e Ambulantes de Salvador, Nilton Ávila, o Gago, acompanhou a assinatura da ordem de serviço para o início imediato das obras ao lado do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Ele lembrou que a Feira de São Joaquim tem cerca de 8 mil trabalhadores que dependem dela para pagar as contas e cobrou que haja cuidado com o prazo para a conclusão da obra.

“Em setembro a feira faz 60 anos na enseada, então, é uma estrutura muito precária. São 60 anos de rede de esgoto, de drenagem, elétrica e estrutural. A Feira de São Joaquim é uma senhora de 60 anos, por isso, precisamos dessa reforma”, afirmou.

Operários já estão trabalhando na obra. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Além de derrubar e reconstruir os boxes, a obra vai requalificar ruas e trocar as redes elétrica e hidráulica. O projeto de requalificação inclui também a construção de um galpão de carnes e vísceras, 16 blocos de comércios variados, estacionamento e uma via perimetral, com calçadão, na borda da Baía de Todos-os-Santos. O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), José Trindade, explicou como vai funcionar.

“O governador deu, nesta quarta-feira, a ordem de serviço para a reurbanização e reforma da feira, da 2ª etapa. É uma obra de R$ 42 milhões e que será concluída em 20 meses. Ela foi dividida em duas fases, em 12 meses será entregue a primeira, e oito meses depois será entregue a segunda. Vamos colocar abaixo o que tem hoje e fazer tudo de novo”, contou.

O tamanho de cada box alterna de acordo com os produtos comercializados e a atividade desenvolvida por cada feirante. Por conta da obra, cerca de 300 trabalhadores foram transferidos para uma estrutura provisória construída ao lado do estacionamento da feira. Quando a primeira fase da obra for concluída eles serão transferidos de volta para os boxes em definitivo.