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Quer participar de um casamento coletivo LGBT+ em um salão nobre? Veja como realizar sonho


 

Projeto celebrou o casamento de 30 casais nesta quinta-feira (26)

  • Wendel de Novais

Publicado em 27/09/2024 às 06:00:00
Casais celebraram união no civil nesta quinta-feira (26). Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O Amor em Cores celebrou, nesta quinta-feira (26), o casamento de 30 casais LGBT+ em mais uma edição do projeto que, pela primeira vez, aconteceu no salão nobre do Fórum Ruy Barbosa, o mais antigo das Américas. Assim como os casais que se emocionaram ao caminhar para o altar pelo tapete vermelho do local, outros vão poder ter a mesma oportunidade.

A próxima edição não tem data marcada, mas pode acontecer no mesmo salão nobre, reformado no ano passado. Juíza e presidente da Comissão para a Promoção de Igualdade e Políticas Afirmativas em questões de Gênero e Orientação Sexual do TJ-BA (Cogen), Maria Angélica Matos, afirmou que a cerimônia no local tem muito simbolismo.

“É muito significativo que os casais LGBTQIAPN+ de Salvador estejam aqui pisando, adentrando nesse lugar que é o salão nobre do tribunal mais antigo das Américas. Isso diz que nós temos o direito de sermos respeitados na nossa dignidade e no nosso direito de existir e amar livremente”, destaca a presidente.

Casais LGBT+ no Fórum Ruy Barbosa. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A juíza afirmou ainda que vê na cerimônia uma ação afirmativa com a capacidade de inspirar casais LGBTQIAPN+ a fazer o mesmo, já que, até 2011, esse direito não existia. Para ela, inclusive, o Amor em Cores faz com que o TJ-BA dê um passo firme em relação ao direito constitucional, aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da garantia da igualdade.

A expectativa da presidente da Cogen se cumpriu para Alane Cerqueira, 42, que se casou com Carla Patrícia Maciel, 42, na cerimônia desta quinta-feira (26). “Esse projeto incentivou mais ainda a gente querer buscar a parte civil da nossa união. Eu acho muito importante a gente ter os mesmos direitos no amor e na parte civil também. Estamos juntas há três anos e sempre pensamos em casar”, fala Alane.

Carla, muito emocionada, contou que todo o processo foi muito tranquilo. “A gente não esperava que ia ser tão rápido e fomos tão bem recebidas, com o carinho de todo mundo. Eu me emocionei por isso e, principalmente, pela nossa história, passou um filme na cabeça", conta enquanto tentava conter as lágrimas.

Alane e Carla celebraram possibilidade de casamento no salão nobre. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Quem, assim como elas, quer realizar o sonho, deve ficar atento às redes sociais do TJ-BA e também da Associação de Oficiais de Registro Civil da Bahia (Arpen-BA), que anunciam a abertura de vagas pelas redes sociais. Presidente da Arpen, Carlos Magno de Souza, destaca que o processo é simples. “A habilitação é muito rápida hoje em dia, em uma semana você consegue ficar habilitado. Nós habilitamos 30 casais nesse movimento que é inédito e serve também para estimular que outras pessoas se sintam motivadas a oficializar perante a lei essa união”, explica ele.

Os casais, como em todos os casos, precisam ter acima de 16 anos e testemunhas para que possam ter a união celebrada. Há hoje uma fila para os casamentos coletivos, com 40 casais esperando pela habilitação, mas o projeto deve abrir mutirão para inscrição pelas redes do TJ-BA e da Arpen-BA.