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Punhos erguidos: despedida de jovem morto na porta de casa tem homenagens e pedidos por justiça


 

João Vitor Santos Silva, 17 anos, foi vítima de latrocínio no bairro do Uruguai

  • Larissa Almeida

Publicado em 15/10/2024 às 20:06:56
Multidão pede justiça pela morte de jovem de 17 anos. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Uma multidão formada por pessoas de todas as idades lotou o Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas, para se despedir de João Vitor Santos Silva, 17 anos. O garoto, que foi vítima de latrocínio na porta de casa, no bairro do Uruguai, na noite da última segunda-feira (14), teve o rosto estampado em camisas e mobilizou pedidos por justiça durante a despedida, que foi marcada pela forte comoção dos amigos e familiares. A mãe do jovem, inclusive, desmaiou e precisou ser amparada durante o sepultamento.

A irmã Maria Luiza Santos, 21, não conteve a emoção ao declarar a dor da perda. “Nós brigávamos que nem gato e rato, mas nos amávamos muito. Não sei o que vou fazer sem João. Ele era um ótimo irmão, apesar de tudo e de qualquer coisa. Eu vou sentir saudades dele para sempre. Minha maior saudade fora do peito vai ser João Vitor”, reiterou.

Ao longo do espaço aberto do cemitério, rostos molhados com lágrimas e expressões de incredulidade denunciavam o sofrimento de quem ainda estava assimilando a morte do jovem. Uma dessas pessoas foi Ananda Silva, 16 anos, uma das amigas mais próximas de João, que compartilhava o dia a dia com ele no Colégio da Polícia Militar Luiz Tarquínio há três anos. “Ele era o melhor amigo. Sempre estava comigo para tudo e me escutava. É muito difícil e complicado falar dele. É um sentimento de dor que nunca vou superar na minha vida”, disse.

Enquanto o corpo era velado pelos parentes mais próximos, professores da escola onde João estudava acompanhavam de longe, em pleno Dia dos Professores, o cortejo que antecedeu o sepultamento. Eles, que não quiseram dar entrevistas, fizeram questão de ressaltar – informalmente – que o jovem era excelente como estudante.

João também se destacava como filho. Enquanto caminhava com a ajuda de parentes para o local do sepultamento, a mãe enlutada pediu, mais de uma vez, que o jovem retornasse, porque era o amor da sua vida. O pai Roberto Teixeira da Silva, ainda em estado de choque, só teceu elogios ao filho que também era o melhor amigo. “Meu filho era maravilhoso, amado, querido, doce, prestativo. Era fora de série”, afirmou.

Por volta das 16h10, o corpo de João Vitor foi sepultado sob aplausos e cânticos religiosos. Com punhos erguidos, os presentes pediram por justiça e deram fim ao ato com fogos de artifício.

Relembre o caso

O adolescente João Vitor Santos Silva, 17 anos, foi morto com um tiro no pescoço após ser assaltado na frente de casa, no bairro do Uruguai. O caso foi registrado pouco antes das 20h de segunda-feira (14), quando João chegava em casa, na Rua Dez de Outubro. Ele chegou a ser socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Antônio e acabou não resistindo.

Pai do adolescente, Roberto Teixeira da Silva contou que o filho estava voltando do trabalho e chegou a chamar por ele. "Levaram a vida do meu filho na porta de casa. João estava voltando do trabalho dele em um hortifruti da Rua Direta do Uruguai. Quando teve o barulho do tiro, em seguida, ouvi João gritar 'meu pai'. Na hora que saí na janela, ele já estava no chão. Corremos para levar ele na UPA e lá, depois de uns 60 minutos, veio a notícia que ninguém queria ouvir", conta.

Na UPA de Santo Antônio, a família relatou que João foi atendido de maneira imediata, sendo encaminhado para a sala vermelha do local. No entanto, por conta da área do corpo atingida pelo tiro, o jovem não resistiu. Tia de João, Iraci Teixeira da Silva afirma que o sobrinho perdeu muito sangue e explicou que ele não deve ter reagido a ação dos bandidos porque era ‘muito tranquilo’.

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP - Salvador) investiga as circunstâncias da morte. Segundo a Polícia Civil, foram expedidas guias para perícia e remoção do corpo, enquanto diligências são realizadas com o objetivo de identificar a autoria e a motivação do crime.