Professores acionam Justiça contra vereador do PT de Salvador e cobram mais de R$ 140 mil
Após o fechamento da escola, os funcionários da escola aguardam pagamentos atrasados
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Yasmin Oliveira
yasmin.oliveira@redebahia.com.br
Depois do fechamento do Colégio Sagrado Coração de Jesus, professores e funcionários acionaram a Justiça contra o vereador de Salvador e um dos ex-donos da unidade escolar, Arnaldo Lessa (PT), por não quitar as rescisões nem pagar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) dos empregados.
Segundo a professora Edijane Medina, a escola, que funcionava no bairro de Nazaré, encerrou as atividades devendo só a ela R$ 139.531,71. A docente, que lidera a denúncia dos funcionários, relata que, após o fechamento do colégio em 2019, foi firmado um acordo com o então dono.
Pela promessa, os empregados seriam reaproveitados na nova escola dos proprietários, a Saber Empreendimentos Educacionais LTDA e Verbo Educação LTDA. Só que o colégio também fechou as portas no início deste ano, e o acordo com os patrões foi descumprido, conforme contaram os funcionários.
“Deixou todos os professores pensarem que a escola iria continuar e deu a notícia só esse ano. Nessa minha primeira demissão, em março de 2019, foi um acordo que ele fez, chamou todos os professores e disse que tinha que mudar a razão social. Mas era para poder crescer, desenvolver. Ele disse que precisava fechar a empresa, para fazer os acordos, mas ia pagar todos e que seria assim. A primeira parcela (da rescisão) ele já pagava e as outras nove ia pagando com o salário”, explicou Edijane Medina.
As parcelas prometidas pelo vereador não foram pagas, segundo a denunciante. A professora acrescentou que as aulas de recuperação também não foram remuneradas.
“Trabalhei no Sagrado Coração de Jesus 33 anos. Quando saí de lá, não recebi nenhum centavo, fizeram um descaso total. Não pagou rescisão, não pagou FGTS, melhor, nem depositou FGTS da gente. Está todo mundo no mesmo barco. Ninguém recebeu nada. Todo mundo foi demitido e ninguém recebeu nada”, relatou a funcionária de serviços gerais, Antônia Ferreira.
O professor de Artes, Alaor Lopes, também reclamou da escola. “Mês a mês eu tinha redução de salário, e eu tive aumento de carga horária. A partir do ano de 2019, eu assumi todo o Ensino Médio e, ao invés do meu salário aumentar, meu salário diminuiu. E ao sair eu esperando receber uma rescisão, esperando receber os 40% de FGTS, descobri que a empresa nem recolhia FGTS”, disse.
O vereador Arnando Lessa afirmou que não faz parte da sociedade das empresas desde 2021. Ele disse ainda que não possui contato com a escola ou os professores nem responsabilidade sobre as denúncias. “Pelo que eu tenho de informações, os sócios que ficaram com a ativa e a passiva da empresa estão fazendo os pagamentos das rescisões”, declarou.
A versão do petista é rechaçada por Edijane Medina. Segundo ela, o vereador sempre esteve nas unidades escolares. “No período da tarde, ele ia trabalhar lá. Ele sempre teve uma sala para isso. Sem contar que no prédio do cursinho pré-vestibular funcionava como uma espécie de QG do PT . Certa vez, enquanto estava dando aula lá, presenciei um movimento muito grande de pessoas estranhas e me disseram que eram pessoas do PT de São Paulo que vinham para cá para essas reuniões”, contou.
Edijane Medina ainda acusou o vereador de colocar um “laranja”, Raimundo Fagundes Barros, que era office boy para ser o representante do colégio.
"É semi-analfabeto. Era um office boy, assim, daquele de levar recado e comprar ali uma barra de sabão ali na esquina. E é esse homem que ele (Arnando Lessa) botou como representante da escola, o sócio da escola, ele (Raimundo Barros) que ficou assinando nossas rescisões. Tudo muito bem pensado por ele. Então, esse laranja também está na folha de pagamento da Câmara (dos Vereadores)”, afirmou.
A assessoria de comunicação do Legislativo soteropolitano confirmou à reportagem que Raimundo Fagundes Barros trabalha no gabinete de Lessa.
A professora disse ainda que já houve uma audiência judicial, mas encerrou sem acordo. Agora, os funcionários aguardam uma segunda audiência.
*Sob a orientação do editor Rodrigo Daniel Silva