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Procissão para São Cosme e Damião reúne multidão na Liberdade


 

De acordo com a administração da paróquia, mais de 1500 pessoas estiveram presentes no cortejo

  • Vitor Rocha

Salvador
Publicado em 27/09/2024 às 21:31:40
Andor de São Cosme e Damião. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Fé e tradição uniram devotos dos santos gêmeos em procissão no fim da tarde desta sexta-feira (27), no bairro da Liberdade. O cortejo católico também foi marcado pela presença dos adeptos de religiões de matriz africana. Entre cânticos de louvor, a multidão saiu da paróquia São Cosme e Damião, na estrada da Liberdade, e seguiu até a igreja da Lapinha, de onde retornou após mais de duas horas de percurso.

Em cima de um trio elétrico, o padre Damião Pereira exclamava os louvores aos santos gêmeos. À frente do veículo, esculturas de São Cosme e Damião, Nossa Senhora de Fátima e um quadro de Jesus Cristo acompanhavam os fiéis. Cobrindo as laterais da via, bandeiras azuis e vermelhas da Congregação Mariana e da Associação Sagrado Coração de Jesus, respectivamente, coloriam a procissão. De acordo com a administração da paróquia, mais de 1500 pessoas estiveram presentes no cortejo.

A celebração foi uma forma de trazer o público para a igreja católica e mostrar os ensinamentos dos santos gêmeos, segundo o diácono Adroaldo Argolo. "São Cosme e Damião foram médicos que deram a vida por Jesus Cristo. Eles curavam e não cobravam por amor ao próximo, assim como Jesus Cristo. São Cosme e Damião morreram por testemunhar a fé viva em Jesus Cristo. Esta caminhada é para mostrar que vale a pena seguir os caminhos de Deus. Esta caminhada é um testemunho de fé", afirmou. Ele ainda acrescentou que o cortejo ocorreu após a novena, que são nove dias de preparação para a procissão, e que a data correta seria no dia 26, mas ficou dia 27 por ser uma data popular.

Os devotos da igreja compareceram à caminhada para reiterar sua religiosidade. Católica de 73 anos, a cearense Francisca Silva mora na capital baiana há três décadas, e foi pela primeira vez ao evento. "Eu como católica me sinto muito bem. É restauradora a caminhada", contou. A vendedora de acarajé, Luciene de Sara, revelou que os negócios se beneficiam da caminhada. "A rua fica movimentada. Um mar de gente", disse. Personagem frequente do cortejo, João Conceição contou que comparece à caminhada há 10 anos. "É sempre muito bom. Antes vinha com meus filhos, mas agora eles cresceram e eu tenho que vir sozinho", revelou.

Babalorixá Átila Alves. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Apesar da maioria cristã, o evento também abriu espaço para as religiões afro-brasileiras. No mesmo dia em que a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia oficializou o Caruru de Cosme e Damião como patrimônio cultural, o babalorixá Átila Alves, do terreiro Ilê Axé Ayrá Intile Omi Aloya, foi à procissão dos santos gêmeos. "São Cosme e São Damião não são os Ibejis, mas são figuras sincretizadas aqui na Bahia. São santos gêmeos, que seguem os mesmos princípios, a mesma energia. Eu acredito que a fé é única, não há um céu para os católicos e outro para os candomblecistas. Essas energias estão cuidando de todos nós", afirmou. Adroaldo concordou com o candomblecista, e destacou que o espaço é aberto para todos. "Mesmo o evento sendo católico, todos são filhos de Deus. Quem é do candomblé e da umbanda pode comparecer, desde que não desprezem a procissão", contou.

Além da caminhada, o dia da paróquia foi voltado para missas e homenagens a São Cosme e Damião. "Às 5h, nós tivemos uma alvorada com muitos fogos. Além disso, realizamos sete missas no dia de hoje, todas voltadas para os santos gêmeos", informou Adroaldo. A última missa, realizada logo após a procissão, às 18h, foi ministrada pelo bispo auxiliar da arquidiocese de São Salvador, Dom Marco Eugênio de Almeida. Também foram feitas missas às 5h30, 7h, 8h30, 10h, 12h e 15h30.

Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro