Praia do Flamengo ganha primeiro viveiro de restinga de Salvador
Equipamento plantará 36 mil mudas de vegetação nativa por ano, permitindo recuperar áreas degradadas e preservando fauna
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Larissa Almeida
lpalmeida@redebahia.com.br
Além da requalificação da orla, a Praia do Flamengo inaugurou, na manhã de terça-feira (26), um novo viveiro de restinga, ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica e típico de áreas litorâneas. O Viveiro Municipal de Restinga fica localizado entre a Rua Clóvis Bevilacqua e a Alameda Cabo Frio, é o primeiro equipamento do tipo em Salvador e deve produzir, anualmente, 36 mil mudas de espécies nativas.
Segundo Marcelle Moraes, secretária municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis), a criação do viveiro foi uma idealizada para ampliar a diversidade de fauna e flora local, bem como preservar o meio ambiente. “O nosso viveiro de restinga vem para que nós possamos ampliar nossa biodiversidade, proteger toda a nossa faixa de orla e de areia. Vamos plantar, anualmente, mais de 36 mil mudas de restinga, o que é uma grande forma de preservação ambiental”, afirmou.
O objetivo é que essas mudas sejam transplantadas para todos os trechos de orla da capital baiana, recuperando a vegetação afetada pela presença humana. O projeto foi elaborado junto à Unidunas, organização da sociedade civil que atua na preservação do meio ambiente litorâneo. A previsão é que as primeiras mudas já sejam transplantadas para a orla em quatro meses.
A iniciativa foi comemorada pelo prefeito Bruno Reis, que ficou entusiasmado com a ideia de preservar a restinga. “Agora, sim, a restinga está sendo preservada, porque antes não era. Quem frequenta aqui, sabe. O que ocorria era o estacionamento de carros na faixa de areia; motos e quadriciclos passando por cima da vegetação. Isso, sim, estava destruindo a restinga. As pessoas desciam para a praia por todos os lugares”, pontuou.
De acordo com Ivan Euler, subsecretário da Secis, ações como essas que foram citadas pelo prefeito constituem o problema existente no que diz respeito à preservação da restinga em Salvador. “Muita gente acha que essa vegetação de beira de praia não tem importância, como um mato ou capim, mas não é. Não é uma árvore grande ou uma floresta ombrófila – típica da Mata Atlântica – mas a restinga é um ecossistema da Mata Atlântica e tem essa característica rasteira. Ela tem uma grande importância para diminuir os impactos do aumento do nível do mar, ajudar a diminuir os efeitos do aumento da temperatura”, explicou.
Ao estar presente na faixa de areia, a restinga também impede que a maresia chegue com intensidade nas casas próximas ao mar. Ela ainda abriga espécies de fauna que são encontradas apenas nesse tipo de vegetação. “Tem lagartos e cobras que são específicos de ambiente de restinga. Eles não sobrevivem em ambientes de Mata Atlântica fechados e ombrófila densa. Sem essa a vegetação restinga, essa fauna acaba morrendo ou tentando ir para outras regiões, mas não conseguem se adaptar”, acrescentou Ivan.
Para popularizar a importância da vegetação nativa, o Viveiro Municipal de Restinga realizará ações de educação ambiental, recebendo estudantes de escolas de Salvador para aprender sobre os impactos da restinga no bioma Mata Atlântica. Para isso, o local conta também com salas para palestras.
A princípio, a visita ao viveiro será feita mediante agendamento. No momento, as mudas plantadas estão sendo protegidas. O equipamento será administrado pela Secretaria de Sustentabilidade e Resiliência.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo