Policial civil atingido durante troca de tiros com fugitivos tem alta médica
Após ser atendido no Hospital do Subúrbio, o investigador passa bem
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Yasmin Oliveira
redacao@redebahia.com.br
O investigador da Polícia Civil, Demerval de Souza Santos, teve alta do Hospital do Subúrbio na noite desta segunda-feira (23) para continuar a sua recuperação em casa após ser atingido em troca de tiros no município de Candeias.
Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em um imóvel, que pertence a um dos sete fugitivos do sistema prisional, as equipes do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic) foram recepcionadas com tiros dos criminosos. Um deles foi atingido pelos policiais e atendido no Hospital do Subúrbio, mas não sobreviveu aos ferimentos.
Um dos criminosos foragidos, Fábio Souza dos Santos, conhecido como ‘Geleia’, foi apontado como autor dos disparos que levaram o investigador ao Hospital, mas a informação foi negada pela Delegada-Geral, Heloísa Campos de Brito. “Não dá para dizer que a bala saiu diretamente de Geleia, saiu dessa troca de tiros. Já que dois dos indivíduos que estavam na casa fugiram, nós acreditamos que um deles possa ser Geleia”, disse Heloísa durante coletiva de imprensa que também contou com a presença do diretor do Deic, delegado Thomas Galdino. A Delegada-Geral insiste que sem a prisão do foragido, não é possível afirmar que o tiro tenha saído dele.
Meia tonelada de drogas, dois fuzis, milhares de munições, uma balança industrial, uma máquina de contar dinheiro, três rádios, cinco celulares e uma faca foram apreendidos pelas autoridades no imóvel que pertencia ao responsável pelo tráfico de drogas naquela região e também era um dos líderes de um grupo criminoso. Dois homens e duas mulheres que estavam no local foram presos.
Inquérito investigativo foi instaurado
Ainda durante a coletiva de imprensa, a Delegada-Geral foi questionada sobre a informação dada pelo presidente Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb), Reivon Pimentel, que o Batalhão Geral da PM sabia de uma ‘movimentação estranha’ no módulo desde às 9h30 do sábado (21), enquanto a fuga dos sete detentos ocorreu às 12h40 do mesmo dia, onde as guaritas do batalhão estavam sem agentes. Heloísa de Brito informou que a resposta só pode ser dada pela Polícia Militar, responsável pelo Batalhão de Guarda da Polícia Militar (BGPM).
O secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, que teve sua presença confirmada em convite da coletiva na sede do Deic, não participou. A Polícia Militar foi procurada pela reportagem ao longo do dia, mas não retornou.
“A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias dessa fuga. O que nos foi passado até o momento é que a Polícia Militar assim que tomou o conhecimento, inclusive, teria agido de modo muito enfático não só para conter possíveis outras fugas, mas também está ainda em perseguição desses indivíduos, que como a gente pôde ver, tinham carros de apoio, tinham toda uma estrutura esperando-os fora do presídio”, relatou Heloísa Campos de Brito.
Relembre o caso
No último sábado (21), sete criminosos fugiram do Complexo Penitenciário Lemos Brito (PLB), na Mata Escura. Eles fazem parte do Bonde do Maluco (BDM), facção criminosa criada em 2015, no próprio Complexo Prisional da Mata Escura, que tem o PLB como uma de suas unidades. O pavilhão V, de acordo com fontes de dentro da Polícia Militar da Bahia (PM), é conhecido por ser um módulo do grupo, já que, nas unidades prisionais, os detentos de facções rivais são separados para evitar confrontos. A fuga dos detentos aconteceu às 12h40 do sábado.
Os fugitivos foram identificados como Virgínio de Alcântara Filho, Elivelton de Jesus Santos, Jeferson Silva Souza, Íkaro da Costa Santos, Jeferson Silva de Carvalho, Flávio Bastos Carneiro e Fábio Souza dos Santos. Ainda não se tem informações de quem seria fugitivo morto na ação desta segunda-feira (23).
Uma das lideranças é Fábio Souza dos Santos, que é conhecido como ‘Geleia’ e comandava as ações da facção Bonde do Maluco (BDM) na localidade Vila de Abrantes, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), até ser preso no Paraguai em 2018. Um dos crimes atribuídos a Geleia é o assassinato do investigador Luiz Alberto dos Santos, que trabalhava na Delegacia de Abrantes. Segundo a polícia, Geleia mandou matar o policial em 2017 por causa das ações das polícias Civil e Militar em Abrantes. O fugitivo teria, inclusive, participado de esquema onde pagava cerca de R$ 50 mil para policiais penais e terceirizados que facilitassem a entrada de celulares no PLB.
O outro líder identificado por fontes da polícia é Íkaro da Costa Santos, conhecido como ‘Cabeça’, que também atuava pelo BDM na região de Abrantes, assim como Geleia. Apesar de não haver registros de homicídios, Íkaro estava preso por tráfico de drogas e ‘condutas afins’. A terceira liderança, no entanto, não foi identificada pela fonte da polícia.
*Orientado pela subeditora Monique Lôbo