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PEC da Reeleição expõe fissuras dentro do PSD baiano


 

Junto com o PT, o PSD tem a segunda maior bancada da Alba com nove deputados estaduais, cada um

  • Rodrigo Daniel Silva

Salvador
Publicado em 25/03/2024 às 16:10:05
Ivana Bastos, Adolfo Menezes e Eduardo Alencar. Crédito: Agência Alba

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reeleição, que permite o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) a ter vários mandatos consecutivos, mostrou a força política do atual comandante da Casa, Adolfo Menezes (PSD), mas também expôs um racha que há hoje dentro do PSD baiano.

Junto com o PT, o PSD tem a segunda maior bancada da Alba com nove deputados, cada um. No entanto, nem todos os nove foram favoráveis à PEC, que pavimenta o caminho para um terceiro mandato de Adolfo Menezes como presidente da Assembleia. A deputada estadual Ivana Bastos, que foi a parlamentar mais votada para o Legislativo baiano na eleição de 2022, sequer participou da votação. Ela é contra a proposta porque deseja presidir a Alba a partir do próximo ano.

Já o deputado estadual Eduardo Alencar marcou presença na sessão, mas não votou no projeto. Adolfo reagiu com ironia em relação à postura do colega de partido. “Deputado Eduardo Alencar não está não está na Casa. Por favor, dê uma caixinha de lenço ao deputado Eduardo Alencar”, afirmou o presidente da Alba.

Eduardo Alencar é irmão do presidente do PSD na Bahia, o senador Otto Alencar, que se posicionou publicamente contra a PEC da Reeleição. Além disso, o senador expressou publicamente apoio à candidatura de Ivana Bastos. No final do ano passado, ele disse que havia “compromisso de todos os deputados e deputadas de indicar” a deputada estadual para ser a próxima presidente da Alba.

Panos quentes

Ao CORREIO, Adolfo Menezes justificou a ausência dos colegas. Disse que Ivana Bastos argumentou a ele que tinha uma viagem no mesmo dia da apreciação da matéria. Sobre Eduardo Alencar, o presidente da Alba disse que o colega se atrapalhou. “Ele pensou que já tinha votado. Às vezes, o cara fica no celular, né… Sem problema nenhum”, acrescentou.

Adolfo Menezes negou ainda que Otto Alencar e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sejam contrários à reeleição dele. “Se houvesse veto a meu nome, ele (Jerônimo Rodrigues) mandava todo mundo sair. Se Otto é o líder e quisesse, ninguém estava (na votação). Tinha saído”, declarou.

Jerônimo Rodrigues se manifestou publicamente contra a PEC. Disse que a proposta era “preocupante” porque impedia a renovação na Alba. “A minha posição, enquanto militante da política, é que eu defendo que a gente tenha que renovar. É fundamental que quem senta naquela cadeira de presidente da Assembleia compreenda que é importante fazer a renovação. Respeitaria o que vier da Assembleia, mas me mantenho dessa forma”, emendou.

Adolfo Menezes classificou a fala do governador como “normal”. Disse ainda que, por ter outros nomes na base como desejo de presidir a Alba, o petista não pode contra os aliados. Além de Ivana Bastos, o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) também sinaliza, nos bastidores, o desejo de ser o próximo chefe do Legislativo baiano.

Eleições

Perguntado se a sua reeleição como presidente da Alba em fevereiro de 2025 o fortalece para eventualmente estar na chapa governista na eleição 2026, Adolfo Menezes garantiu que “não pensa nisso”. “Mas tem tanta gente na fila”, falou.