Padre acusado de racismo religioso nega intolerância: 'Pedi que houvesse respeito'
Polícia investiga caso
-
Da Redação
redaçao@redebahia.com.br
O padre Manoel da Paixão Gomes do Prado, acusado de racismo religioso durante uma missa na Igreja dos Mares, em Salvador, na última sexta-feira (22), publicou um vídeo nas redes sociais negando qualquer tipo de discriminação. "Pedi simplesmente que houvesse respeito porque estávamos celebrando a Santa Missa [...] em nenhum momento desrespeitei ou fiz juízo de valor depreciativo dos nossos irmãos [do candomblé]", afirmou.
Segundo religiosos de matriz africana, o padre parou uma cerimônia para expulsar candomblecistas da igreja. O líder católico, no entanto, reitera que não houve expulsão e todos assistiram a missa até o final da celebração. "Não pedi a nenhum paroquiano que fosse expulsá-los, não pedi que ninguém fosse coagi-los ou chamasse a polícia", declarou.
O padre Manoel ainda destacou que tem 25 anos de ministério e nunca recebeu acusação de racismo ou intolerância religiosa, assim como é afrodescendente e respeita suas origens. "Meu ministério foi sempre buscar um bom relacionamento, independente de sexo, raça ou religião", acrescentou.
Em nota, a Arquidiocese de Salvador comentou que valoriza e promove o diálogo inter-religioso, contando com uma Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, assim como repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, defendendo o respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes.
Relembre o caso
Um babalorixá denunciou ter sofrido racismo religioso em uma missa na Igreja dos Mares, em Salvador, na última sexta-feira (22). Segundo o candomblecista Ronald Alagan, que acompanhou o caso, o líder religioso Adriano Santos estava com seus "iaôs" (filhos de santo que passaram pela iniciação) para acompanhar o culto, mas o padre parou a cerimônia para expulsar os religiosos do candomblé da igreja. O líder católico foi identificado como Pe. Manoel da Paixão Gomes do Prado.
"Ele [babalorixá] foi registrar boletim de ocorrência e vim aqui denunciar mais um racismo religioso. Sofreu constrangimento, intolerância, racismo", reclamou Ronald. "Como de praxe, o padre manda eu me retirar, disse que estava desrespeitando a religião dele", completou Santos. Os fiéis estavam no local para fazer o ritual da romaria, quando iniciados vão às igrejas católicas para buscar proteção e bênção divina.
A 3ª DT/Bonfim investiga a denúncia de intolerância religiosa. O depoimento da ocorrência, registrada na Central de Flagrantes, descreve que pessoas vestidas com roupas religiosas de matriz africana foram impedidas de entrar na missa. A Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid) acompanha o caso.
Na segunda-feira (25), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) encaminhou ofícios ao responsável pela Igreja Católica Nossa Senhora dos Mares, solicitando que se manifeste a respeito da denúncia, e à Polícia Civil para que informe o andamento do inquérito policial instaurado para apurar o caso.