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Ossada de Vanina: idosa crema restos da mãe no cemitério Jardim da Saudade


 

A aposentada poderá buscar os restos nesta quinta-feira (22)

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 21/08/2024 às 18:22:14
A cerimônia foi realizada no cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. Crédito: Marina Silva/CORREIO

O cemitério Jardim da Saudade, localizado em Brotas, cremou a ossada de Vanina, mãe de uma idosa de 71 anos que recebeu os restos da familiar em uma caixa de madeira na porta de sua casa. A cerimônia ocorreu nesta quarta-feira (21), às 10h. A aposentada foi informada pela instituição que poderá buscar as cinzas a partir desta quinta (22). 

Moradora do bairro do Engenho Velho de Brotas, a idosa alega que recebeu do marido de sua prima uma caixa com a ossada de sua mãe, Vanina Bomfim de Lima, falecida em 2016. O caso ocorreu em frente a sua residência, no dia 23 de abril deste ano.

A idosa pretende entrar na Justiça contra o cemitério Jardim da Saudade. De acordo com ela, o local não entrou em contato para retirar a ossada da mãe.

Relembre o caso

Moradora do bairro do Engenho Velho de Brotas, a idosa alega que recebeu do marido de sua prima uma caixa com a ossada de sua mãe. O caso ocorreu em frente a sua residência, no dia 23 de abril deste ano. De acordo com ela, a familiar também estava presente na ocasião e realizou falas racistas contra a aposentada. A sina dela virou caso de polícia e foi registrada na 6ª Delegacia (Galés) por destruição, subtração ou ocultação de cadáver.

Na ocasião, a idosa descreveu o objeto recebido como uma caixa branca, de aproximadamente 80 cm de largura, contendo um crânio, com alguns fios de cabelo, vários ossos e ainda uma boneca de pano preta, com vestido vermelho. “Eu não sei o motivo. Quando enterrei minha mãe, não havia essa boneca. E está bem conservada”, disse ela, que acusa a prima de ter colocado o brinquedo na caixa. Perguntada se havia alguma justificativa, a aposentada disse que não sabia. “Só ela pode explicar por que fez isso”. No entanto, no dia em que a caixa foi entregue, ela relata ter sofrido racismo. “Ela (prima) disse assim bem alto: ‘Você não é a minha parenta, você não é da minha família, sua negra! Eles são brancos, descendentes de italianos”, conta.

A ossada estava enterrada no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas. A instituição confirmou que houve a retirada, mas salientou que foram cumpridos os trâmites legais para a exumação – é o processo de retirada dos restos mortais de uma pessoa da sepultura após determinado tempo.

Desde então, a idosa de 71 anos estava procurado as medidas possíveis para conseguir dar um fim a ossada.

A idosa, que também relata ter sofrido racismo da sua prima quando recebeu a ossada, afirma que vai tomar medidas legais contra a familiar. "Vou correr atrás de um advogado para resolver essa situação. Vou provar tudo", afirma. O CORREIO não conseguiu localizar a prima.