Obra de demolição de prédio causa tremores e rachaduras em casas de moradores do Rio Vermelho
Nesta quarta-feira (13), empresa se reuniu com representantes e lideranças comunitárias para discutir vistoria nos imóveis
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Elaine Sanoli
elaine.oliveira@redebahia.com.br
Uma obra de demolição do antigo prédio da faculdade Ruy Barbosa, no Rio Vermelho, tem tirado o sono de moradores na Rua Francisco Rosa. De acordo com a representação jurídica dos residentes, eles enfrentam problemas com tremores e rachaduras nas paredes das casas, aparecimento de insetos e muita poeira e sujeira no local.
O advogado Michel Beto Castro Torres explica que as obras foram iniciadas há cerca de dois anos, com a retirada de peça miúdas e mais valiosas do prédio. Na última segunda-feira (11), no entanto, foram iniciadas as obras de demolição, sem que houvesse avaliação nas casas ao redor. "Por conta dessa demolição, nas casas que são localizadas ali bem próximas do imóvel, começaram a surgir algumas rachaduras, outras sofreram alguns danos nos seus telhados, porque caíram objetos", conta.
Com os danos, os moradores entraram em contato com a empresa responsável pela obra, a Direcional Engenharia, que teria se comprometido a realizar um laudo de vistoria para identificar esses danos causados aos imóveis e as ações que eles poderiam fazer para impedir desgastes. Mas, as obras teriam prosseguido sem a avaliação. “Isso já foi prometido há um ano e não aconteceu. A comunidade está com receio, bem apreensiva que aconteça novamente”, comenta.
De acordo com o advogado, após assembleia na associação dos moradores do Nordeste Amaralina e Vale das Pedrinhas, a empresa foi notificada extrajudicialmente para paralisar as obras.
Em nota, a construtora informa que o empreendimento está em conformidade com as normas legais e regulatórias, devidamente autorizadas pelos órgãos competentes. “Desde que adquiriu o terreno, há pouco mais de cinco meses, a empresa tem mantido contato com a comunidade vizinha, no Vale das Pedrinhas, a fim de realizar as vistorias cautelares e abrir o diálogo sobre as atividades a serem realizadas no local onde o empreendimento será construído. A vistoria cautelar foi realizada nos imóveis vizinhos ao terreno, porém, alguns proprietários da comunidade do entorno se recusaram a autorizar a inspeção”, afirma.
De acordo com o advogado cerca de 20 casas estão nas imediações da construção e 10 residências estão sendo severamente afetadas pela obra. “Visitei ontem a casa de uma senhora, acamada, que está vegetando praticamente, e a casa dela foi uma das mais prejudicadas. Ela é uma pessoa idosa, recebe um benefício de prestação continuada e sobrevive de um salário-mínimo, a comunidade a se revoltou principalmente em razão de ter acontecido justamente na casa dessa senhora”.
"Estamos lidando com rachaduras, ratos, baratas, pombos e moscas, além de poeira excessiva e ruídos constantes que não apenas estão danificando nossos lares, mas também afetando nossa saúde e qualidade de vida", relata Marcos, um dos moradores afetados.
Nesta quarta-feira (13), a empresa se reuniu com representantes dos moradores e lideranças comunitárias do local para discutir as tratativas sobre as vistorias dos imóveis que não haviam autorizado a inspeção anteriormente.
*Com orientação da subeditora Carol Neves.