O drama de quem precisa de atendimento em unidades de saúde de Lauro de Freitas
População sofre com postos fechados, ausência de medicamentos e horas de espera; saiba mais
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
Para ser atendido na Unidade de Pronto Atendimento de Itinga, a única que funciona 24 horas em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, o paciente tem esperado, no mínimo, quatro horas. A precarização no atendimento e na oferta de serviços foram intensificados após as eleições municipais de outubro, quando o grupo liderado por Moema Gramacho (PT) foi derrotado nas urnas.
Moradora do município, a estudante Erika Azevedo, 21 anos, disse que as unidades de saúde funcionam, mas o serviço está precário. “Está demorando mais. Quando alguém precisa ir na UPA, é um tempo de espera muito longo para ser atendido. Às vezes, marca (o exame), mas quando chega no local para ser atendido, o médico desmarca em cima da hora”, relatou.
Em alguns casos, inclusive, os pacientes descobrem que não têm médico na hora do atendimento. A demora no serviço, segundo ela, abrange emergências, resultados de exames rápidos e atendimentos básicos. Além disso, a entrega de medicamentos foi comprometida, como aponta a atendente comercial Débora Santos, 20.
“A situação está horrível. Se antes das eleições estava ruim, agora ficou ainda pior. Os pacientes vão até os postos e não encontram, dizem que está em falta”, relatou a moradora. Segundo uma funcionária da UPA, que não se identificou por medo de represálias, estão em falta diclofenaco e dexametasona. "Está faltando tanta coisa, nem sei como está aberto. O povo está funcionando na base de dipirona", disse.
Segundo a servidora, a unidade Nelson Barros, situada no Centro da cidade, tinha um atendimento com dois ou três clínicos e um pediatra. Após as eleições, esse número foi reduzido. "Tem dias que só sem um clínico e também há restrição de pessoas. Só atende o que chamamos de classificação vermelha, que é a pessoa chegar praticamente morta. Caso contrário, não há atendimento", disse. Ainda conforme o depoimento da funcionária, o quadro de servidores está todo desfalcado, sem direção e coordenação de enfermagem, por exemplo.
Já a estudante de Pedagogia Gabriela Gomes, 23, contou que um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) onde a prima é atendida está sem agentes de limpeza e alimentação para funcionários. “Se antes chegava 12 quentinhas, hoje chega sete. Eu e várias outras pessoas ficamos com muito medo da unidade ser desligada. Teve até um dia que o atendimento foi cancelado para todo mundo por conta da falta de manutenção que era responsabilidade do pessoal da limpeza que foi desligado”, relatou.
Procurada, a prefeitura de Lauro de Freitas, por meio de assessoria, informou que “os serviços essenciais estão mantidos.”
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro