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Nudes falsos de alunas do Colégio Militar foram feitos com fotos do Instagram e divulgados em grupos de WhatsApp


 

Caso é investigado internamente pela instituição

  • Maysa Polcri

Publicado em 26/09/2024 às 15:17:45
Imagens circulam em grupos de alunos desde o início de setembro. Crédito: Divulgação

As imagens com conteúdos pornográficos de alunas do Colégio Militar de Salvador (CMS), na Pituba, foram feitas a partir de fotos postadas no Instagram pelas vítimas. Estudantes do 8º ano do colégio utilizaram as imagens publicadas pelas alunas em suas redes sociais, modificaram em sites de inteligência artificial e divulgaram o conteúdo falso em grupos de WhatsApp. As informações foram confirmadas por alunos que fazem parte do grupo e receberam as mensagens.

Segundo eles, as primeiras fotos falsas foram disparadas no início deste mês por cerca de quatro alunos. As vítimas, que aparecem nas imagens manipuladas digitalmente, são do 9º ano. Cerca de 15 adolescentes foram alvo da ação. Apesar da circulação em grupos de alunos, a direção do Colégio Militar só foi formalmente comunicada sobre o caso na última sexta-feira (20).

Um comunicado enviado aos pais pela direção diz que mudanças temporárias serão feitas nas turmas. O caso tem sido apurado internamente pela instituição. “Os fatos estão sendo rigorosamente apurados por meio de processo administrativo, que visa esclarecer onde e como ocorreram as irregularidades, além de identificar todos os envolvidos”, disse, em nota, o colégio. A Polícia Civil foi questionada sobre o caso, mas disse que não localizou registros de denúncias.

Um dos alunos que recebeu as imagens em um grupo de WhatsApp negou que o conteúdo tenha sido comercializado entre os estudantes. “Começaram a enviar nos grupos, mas dava para ver que as imagens eram falsas. Apesar de ter o rosto das meninas, as imagens tinham borrões que indicavam que não são reais”, comentou. A reportagem apurou ainda que uma reunião com pais de alunos para debater o tema foi marcada pelo colégio nesta quinta-feira (26).

O clima entre os estudantes está tenso desde que a apuração interna começou. Os alunos foram orientados, pela direção, a não comentar o assunto fora do colégio. Esse não teria sido o primeiro caso envolvendo alunos e episódios de assédio sexual, segundo uma aluna que preferiu não se identificar. Ela conta que, no ano passado, um estudante foi expulso depois de invadir o vestiário feminino.

“Casos assim não são novidade. No ano passado, um menino entrou no vestiário das meninas, tirou fotos e gravou vídeos e postou. O colégio abafou o caso e expulsou o menino”, conta. O Colégio Militar de Salvador foi questionado sobre a denúncia do ano passado, mas disse não ter conhecimento sobre o episódio.