'Nem um pingo na torneira': bairros de Salvador registram até seis dias sem água por falta de abastecimento
Embasa divulgou 'redução' de fornecimento por conta das chuvas na capital e na região metropolitana
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Wendel de Novais
wmoreira@redebahia.com.br
A redução de fornecimento de água em Salvador e Região Metropolitana (RMS) divulgada pela Embasa na terça-feira (27) se converteu na ausência do recurso para diversos bairros da capital, como Águas Claras, Cajazeiras, Valéria, Boca da Mata, Jardim Nova Esperança e outros. No Condomínio Eunice Waiver, em Águas Claras, o problema vai além: a água deixou de cair desde a última sexta-feira (23).
No sábado (24), de acordo com Régia Costa, síndica dos blocos do setor Nordeste do condomínio, os tanques já estavam secos e assim continuam nesta quarta-feira (28), completando seis dias sem abastecimento. Apesar de chegar ao seu auge nesta semana, a síndica destaca que o problema não é novo e que o local ficou sem água repetidas vezes ao longo dos últimos meses.
"A situação está crítica desde a sexta-feira passada, mas a falta de água é recorrente desde novembro do ano passado. A justificativa são obras ao redor do nosso condomínio, mas não vem acompanhada de uma resolução. Na sexta-feira, chegou o auge. A gente está passando dias sem um pingo de água na torneira", explica ela, que já foi à empresa diversas vezes.
Síndico do setor Sudoeste do condomínio, Josenilton Carneiro relata que, juntamente com Régia, abriu ao menos dez protocolos de reclamações junto à Embasa. Como retorno, a empresa afirma que vai fornecer carros pipas para suprir a ausência de água. No entanto, desde que o problema começou na última sexta-feira, a promessa não foi cumprida.
"Prometem sempre caminhões pipas para auxiliar e, praticamente, nunca chegam. De dezembro para cá, só chegou dois caminhões. Desde sexta, apesar dos pedidos, não chegou. Usou todo o recurso em caixa para abastecer os 15 blocos que temos no condomínio. São quase R$ 19 mil em água gastos em um mês", diz ele.
Ao todo, nos dois setores do condomínio, 496 famílias estão desastenciadas por conta de ausência de água. Na frente do local, em poucos minutos se vê moradores com baldes e sacos de roupa em mãos. "A gente precisa ficar se deslocando para lavar roupa e até pegar água para cozinhar. Estamos cansados porque não é só agora que está a pior fase. Desde o ano passado, nós sofremos", conta Yaslan Rocha, 45 anos, morador do condomínio.
Outros bairros nas proximidades da BR-324 passam pelo mesmo, como conta a Maria Silveira, 57, que mora em Valéria. "Está sem água desde ontem [terça-feira] e hoje continua assim. Na verdade, desde o final de semana, vai e volta. Eles falaram que ia reduzir e o que já era pouco virou nada. A pia está cheia de prato e o cesto cheio de roupa para lavar", conta ela.
Na região de Brotas, nas localidades mais altas, o problema é parecido. Com pouco fornecimento, a água não chega. "Tem faltado água regularmente. Dessa semana passada pra cá, três dias não teve. Sexta-feira, sábado e ontem [terça-feira]. Não afetou muito o serviço porque a gente só estava fazendo limpeza, sem lavar o carro. Então, não parou", conta um homem que prefer não se identificar e trabalha em um Lava Jato no Acupe de Brotas.
O músico Marcos Bezerra, 47, que também é morador do Acupe, conta, porém, que está sendo afetado pela falta de água. "Aqui sempre falta água. Segunda-feira, quando foi às 22h, já não tinha mais água. Voltou só 10h30 da manhã de terça-feira e tinha que dar banho antes nas meninas, mas não tinha como é precisei levar para a casa da tia. Fazer almoço também não deu. O pior é a falta de aviso, que não deixa quem não tem tanque se precaver", reclama ele, dizendo que a água voltou nesta quarta-feira, ainda que em um volume baixo.