Mulher de 41 anos morta a facadas foi ameaçada diversas vezes pelo ex-marido: ‘Dizia que ia matar ela e os filhos’
Homem, que é o principal suspeito do crime, está sendo procurado pela polícia
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Larissa Almeida
lpalmeida@redebahia.com.br
A técnica de enfermagem e comerciante Tatiane Santana Peixoto, de 41 anos, foi morta a facadas na manhã da última quinta-feira (25), no bairro de Águas Claras, em Salvador. Procurado pela polícia, o principal suspeito do crime de feminicídio é o ex-marido, identificado pelos familiares como Júlio Cesar Lima França. De acordo com relatos de amigos e da família, os dois moravam na mesma casa junto com seus dois filhos, mas já estavam separados há sete anos. Nos últimos meses, enquanto estava empenhada na mudança para uma residência no prédio em que mora a mãe e os irmãos, no bairro de Vista Alegre, ela sofreu diversas ameaças do ex.
“Ele dizia que ia matar ela e os filhos, e se matar depois. Ele fez tudo premeditado, porque eles tinham um carro e ele levou para o interior para tentar vender. Ele estava se sentindo proprietário dela”, afirma San Silva, de 49 anos, comerciante e amigo de Tatiane.
A ameaça mais recente de Júlio Cear teria sido feita à mãe da vítima, conforme conta a irmã e recepcionista Gilsiane Peixoto, 38 anos. “Ele ajoelhou nos pés da minha mãe e falou ‘Dona Nalva, você vai sentir uma dor e essa dor vai doer, porque eu vou matar sua filha, e você vai criar seus netos’. Isso tem um mês. Ele disse a um amigo dele que ia jogar ela da laje, e foi aí que ela ficou com medo e saiu de lá”, relata.
Ainda de acordo com as pessoas ouvidas pela reportagem, Tatiane convivia com o ex-marido, mesmo separada, por conta da condição de saúde dele. Diagnosticado com diabetes avançada, Júlio Cezar tinha dificuldades de lidar com a doença porque havia se tornado impotente sexual. “Ele estava com problema de saúde e por não estar sendo ‘homem’ para qualquer mulher, ele achava que se ela não fosse dele não ia ser de ninguém”, detalha San Silva.
Há duas semanas, o suspeito chegou a ficar internado por um quadro de trombose e, mesmo após as ameaças, teve a ajuda de Tatiane na sua recuperação. “Ela dizia que talvez fosse a sina dela cuidar dele até que ele morresse”, lembra o amigo.
Segundo a irmã Gilsiane, um dia antes da sua morte, Tatiane voltou à casa onde morava com ex-marido para buscar suas roupas e pertences, e acabou passando a noite no local. Pela manhã, o suspeito teria esperado a filha sair e levado o filho caçula para a escola. Na volta, ele teria golpeado Tatiane com facadas no pescoço. Segundo vizinhos, ela chegou a gritar por socorro, mas quando foi acudida já era tarde demais.
“Nessa internação dele, há duas semanas, ele ficou maquinando tudo. Quando saiu, ele foi lá no comércio dela, pegou uma faca gigante e foi para casa. Demos falta da faca. Agora, eu quero justiça. Eu gostaria muito que as leis olhassem mais para as mulheres, porque estamos morrendo. Nós somos tratadas como lixo”, disse.
A reportagem procurou a Polícia Civil em busca de atualizações sobre caso, mas a pasta alegou que não há nada de novo a respeito do crime, que está sendo investigado.
O corpo de Tatiane Santana Peixoto foi enterrado no Cemitério Bosque da Paz, no fim da tarde desta sexta-feira (26).
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro