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MP-BA denuncia cinco suspeitos de matar cacique no sul da Bahia


 

Três estão presos e dois foragidos

  • Da Redação

Salvador
Publicado em 23/10/2024 às 19:10:03
Cacique Lucas Santos de Oliveira, Pataxó Hã Hã Hãe. Crédito: Reprodução

O Ministério Público da Bahia (MP-BA), abriu uma acusação contra cinco homens envolvidos no homicídio do cacique Lucas Santos de Oliveira, ocorrido em dezembro de 2023 no município de Pau Brasil, sul do estado. A denúncia foi recebida pela Vara Criminal de Camacã.

A pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais do MPBA (Gaeco), também foi decretada a prisão preventiva dos denunciados Amatiry Fernandes Santos e Emerson Farias Fernandes, que estão foragidos, e Michael Cardoso de Oliveira, Sandoval Barros dos Santos e Fábio Santos Possidônio. O caso foi investigado pela Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF), da Polícia Civil.

Motivação do crime

As investigações apontam que o homicídio foi planejado e executado pelo grupo que, em sua maioria, integra uma facção criminosa envolvida com o tráfico de drogas no sul da Bahia. O crime teria sido ordenado de dentro do Presídio de Itabuna por Fábio Possidônio e cometido em represália pelo cacique ter colaborado com a Polícia denunciando o crime organizado e o narcotráfico na região do Território Caramuru Catarina Paraguaçu, segundo o MP.

A disputa pelo cargo de diretor do Colégio Estadual Gerson de Souza Melo Pataxó também contribuiu para que Lucas de Oliveira fosse considerado um desafeto dos traficantes. A liderança indígena foi contrária ao resultado da eleição para direção da unidade escolar, por supostas irregularidades no processo quanto às tradições indígenas. Por essa razão, ele foi apontado como o delator do tráfico à Polícia.

No dia 21 de dezembro de 2023, quando Lucas se deslocava da cidade para a Aldeia indígena Caramuru, ele foi interceptado por dois criminosos em uma estrada vicinal e assassinado pelas costas, com 15 disparos de arma de fogo.

Liderança

O cacique lutava pela defesa dos direitos indígenas e era líder comunitário, exercia as funções de cacique do Povo Pataxó Hã Hã Hãe, coordenador Regional do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas do Estado da Bahia (Mupoiba), conselheiro Estadual de Direitos do Povos Indígenas da Bahia (Copiba), presidente do Diretório Municipal do Partido Rede Sustentabilidade, agente comunitário de saúde indígena, mobilizador de esporte e defensor da educação escolar indígena.