Motorista da Uber que fez cinco vítimas já tinha sido preso por roubo
Ele é suspeito de sequestrar, ameaçar e roubar R$ 50 mil de cinco mulheres em Salvador
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Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
A polícia está à procura de Jonatas dos Reis Oliveira, 30 anos, suspeito de usar a plataforma de transporte por aplicativo Uber para sequestrar, ameaçar e roubar mulheres em Salvador. O golpe foi aplicado em quatro corridas, fez cinco vítimas e o prejuízo é estimado em cerca de R$ 50 mil. Jonatas já tinha sido detido no começo do ano por suspeita de participação em outro roubo, no bairro da Vila Laura.
O crime que ocorreu em maio não foi praticado através do aplicativo, a vítima estava passeando com o cachorro quando foi surpreendida. Um carro encostou ao lado dela e um homem armado desceu do veículo. O bandido anunciou o assalto e pegou os pertences da mulher, mas uma viatura passou logo após e perseguiu os criminosos.
A delegada Maritta Souza, que investiga o caso das cinco vítimas, explicou que no registro policial consta que Jonatas ficou dentro do veículo durante o roubo e, por isso, não foi identificado pela mulher assaltada na Vila Laura e foi liberado. “São informações que ficam registradas no nosso sistema, mas que uma empresa que fizesse a checagem de antecedentes criminais, por exemplo, não teria acesso”, explicou.
Agora, ele está sendo procurado por usar aplicativo da Uber para assaltar mulheres em Salvador. A polícia têm quatro registros, sendo que em um dos casos havia duas passageiras, por isso, o número total é de cinco vítimas. Os sequestros aconteceram nas regiões da Avenida Tancredo Neves, Costa Azul e Pituba.
Crime
As vítimas contaram que foram surpreendidas logo no início da corrida. A delegada explicou que o bandido cancelava a viagem assim que elas entravam no carro e já anunciava o assalto. Ele mostrava uma arma, dizia se tratar de um sequestro e ameaçava levar as vítimas para um cativeiro, em Feira de Santana, se elas não fizessem tudo o que ele mandasse. Havia também ameaça de estupro e de morte.
Apavoradas, as mulheres eram obrigadas a transferir quantias em dinheiro para as contas informadas pelo criminoso. Uma delas perdeu R$ 10 mil, além dos pertences. Cada crime durou cerca de 30 a 40 minutos, no final ele ficava com os aparelhos celulares e outros objetos de valor das vítimas, e as dispensava no meio da via. Três delas foram deixadas na BR-324, em Salvador, e outras duas na Avenida Luís Vianna Filho (Paralela).
As transferências bancárias foram feitas para contas do próprio motorista e também de outras pessoas. “Chegamos a contatar uma das donas das contas que receberam a quantia. Ela informou que não sabia do que se tratava. Deve ser um caso de 'conta fantasma', onde bandidos usam dados de terceiros para o cadastro bancário”, disse a delegada.
O carro que o bandido estava usando está em nome de uma mulher que mora em Feira de Santana. Ela ainda não foi localizada, mas a polícia já sabe que o criminoso tem familiares na cidade. A delegada acredita que podem existir mais vítimas. Ela solicitou da Uber informações detalhadas, como há quanto tempo ele estava atuando na plataforma, mas ainda não teve reposta da empresa.
“As investigações estão bem avançadas, até porque já temos toda a qualificação dele. Ele tem algumas passagens em delegacias, inclusive por roubo. Já fizemos contato com a Justiça para conseguir o mandado de prisão. Iremos prendê-lo em breve. Ou, caso ele prefira, que ele se entregue na delegacia”, afirmou Maritta Souza.
Todas as vítimas disseram para a polícia que registraram o crime na plataforma da Uber. A delegada informou que ainda não recebeu um posicionamento da empresa e que não descarta responsabilizar o aplicativo pelo crime.
Para o CORREIO a Uber informou que a conta do motorista foi temporariamente desativada assim que teve conhecimento do episódio, que todos os parceiros cadastrados no aplicativo passam por uma checagem de antecedentes criminais a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma e que também realiza checagens periódicas dos motoristas já aprovados, pelo menos, uma vez a cada 12 meses.
A empresa lamentou o que chamou de “violência que permeia nossa sociedade”, lembrou que o aplicativo tem um botão do pânico para situações de perigo e disse estar à disposição para auxiliar no curso das investigações.
Confira a nota da Uber na íntegra:
A Uber lamenta que cidadãos que desejam apenas se deslocar sejam vítimas da violência que permeia nossa sociedade. Esperamos que as autoridades possam identificar e responsabilizar o autor dos atos criminosos. A empresa permanece à disposição para auxiliar no curso das investigações, nos termos da lei. A conta do motorista parceiro utilizada foi temporariamente desativada assim que a empresa tomou conhecimento do episódio.
Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros.
Durante a viagem, o aplicativo conta com o botão Recursos de Segurança, que reúne funções de segurança da plataforma. O recurso, permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do app. Ao pressionar este botão, além de efetuar a ligação, o usuário será informado de sua localização atual e informações do veículo em viagem.
No Rio de Janeiro, Maranhão e no Pará, esse recurso já foi integrado com o serviço 190 para que os operadores do serviço de emergência recebam automaticamente a localização em tempo real e os dados da viagem em que foi originada a chamada. O projeto reproduz uma integração que a Uber já faz com os serviços de atendimento a emergências em mais de 1.200 cidades dos Estados Unidos, além de diversos estados no México, África do Sul e Canadá.
Além disso, todos os parceiros cadastrados na Uber passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o país, em tempo real, em busca de apontamentos de crimes que possam ter sido cometidos. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas parceiros já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.