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Morte por CEP: entenda por que facções executam moradores de bairros 'rivais'

Jovem foi esquartejado e decapitado na última sexta-feira (27) por morar no Garcia

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 1 de outubro de 2024 às 05:00

Facções executam moradores de bairros 'rivais' Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A morte de Richard de Jesus Santana, de 21 anos, que foi esquartejado por integrantes da facção Bonde do Maluco (BDM) na Federação por ter morado no Garcia, com atuação da rival Comando Vermelho (CV), liga o alerta para mais um risco em Salvador. Com o enfrentamento armado entre as facções, o CEP pode ser mais um motivo para uma sentença de morte no mundo do crime.

Richard morava em Cajazeiras, mas estava passando um tempo na casa da irmã, na Federação, até ser sequestrado por criminosos na Rua Souza Uzel, na última sexta-feira (27). Ainda assim, por um dos traficantes reconhecê-lo dos tempos do Garcia, acabou morto. Como ele, outros já foram vítimas. Em março deste ano, por exemplo, um morador da área do BDM acabou morto após ser localizado pelo CV na Santa Cruz.

No caso, o homem, identificado como Pedro Lacerda, estava em uma festa paredão, quando traficantes o arrastaram até a Rua Onze de Novembro e o executaram com mais de 50 tiros na cabeça. Especialista em segurança pública, Antônio Jorge Melo é coronel reformado da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) e analisa a morte por CEP como mais uma ação cruel de intimidação do tráfico na capital.

“A ousadia e a crueldade com que as facções criminosas executam suas punições repetem muitas das práticas verificadas no Rio de Janeiro. Geralmente, são crimes que servem para mostrar autoridade de uma liderança do tráfico e impor o medo a quem infringe regras, com a perversidade, ousadia e crueldade de quem mata sendo recompensadas, não raro, em forma de status”, afirma o especialista.

Ouvidos pela reportagem, familiares indicaram que o traficante que reconheceu Richard dos tempos em que ele morava no Garcia é conhecido como Daniel. A reportagem consultou uma fonte policial, que terá nome e cargo preservados, que confirmou a identidade do suspeito citado como Daniel Vilas Boas, responsável por roubos recentes na região e alguém em busca do status citado por Antônio Jorge.

Richard de Jesus tinha apenas 21 anos e estava desaparecido desde sexta (27)
Richard de Jesus tinha apenas 21 anos e estava desaparecido desde sexta (27) Crédito: Reprodução

“Ele tem feito assaltos, mas a prática primária dele não é roubo. Acontece que ele está com uma dívida porque perdeu uma [carga de] droga. Então, ele tem tentado levantar esse dinheiro com outras práticas criminosas. No mês passado, inclusive, roubou a mãe de um PM na Rua do Trilho, na Federação”, relata a fonte. Daniel seria, inclusive, morador da Rua 13, local onde Richard foi capturado pelos criminosos.

Ao falar do caso, Antônio Jorge, que também é coordenador do curso de Direito da Estácio, acrescenta que, assim como a cobrança de pedágio para comerciantes, execuções como a de Richard compõem um estado de medo que interessa aos traficantes. “Essas execuções reafirmam a dominação violenta dessas organizações criminosas e servem também para silenciar a comunidade, dando exemplo para quem desafiar a facção”, aponta.

Procurada para responder sobre o caso, a Polícia Militar da Bahia (PM) informou apenas que agentes da 26ª Companhia Independente (CIPM) foram acionados e, ao chegarem à Bonocô, encontraram o corpo. A área foi isolada. e o Departamento de Polícia Técnica (DPT), acionado para a remoção do corpo e realização de perícia. O caso vai ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).