Moradores ficaram desabrigados devido à fumaça de incêndio em um depósito em Camaçari
As famílias afetadas foram encaminhadas para abrigos ou casas de parentes na região
-
Gilberto Barbosa
gilberto.barbosa@redebahia.com.br
O incêndio em um depósito de materiais recicláveis no bairro Jardim Limoeiro, em Camaçari afetou a rotina dos moradores da região. Eles precisaram deixar as suas casas por conta da fumaça tóxica do incêndio e aguardam a liberação da Defesa Civil para poder retornar às suas residências.
O CORREIO foi ao bairro na manhã desta quinta-feira (18) e conversou com moradores afetados pelo incêndio. Eles contam que o fogo começou às 10h no terreno de uma fábrica desativada da empresa Micos. O fogo progrediu para o terreno que pegou fogo. A Travessa Verde Horizonte foi bloqueada e os moradores tiveram que sair das suas residências devido à fumaça.
A casa do auxiliar de manutenção Ênio Toledo, 37, foi uma das mais afetadas pela fumaça. Ele vive com a esposa e o filho de 5 meses e conta que perdeu móveis e roupas. “Eu moro quase do lado do terreno que pegou fogo. A minha casa está com rachaduras. Eu tive que sair com minha mulher e meu filho e não deu tempo de salvar nada”, contou.
Eles contam que após saírem das casas, agentes da Sedes encaminharam algumas famílias para um abrigo na região. “Não dava para todo mundo ficar no hotel, então quem podia dormir na casa de um amigo ou de um parente cedeu espaço para quem estava com criança ou não tinha onde ficar”, disse a dona de casa Ana Marta dos Santos, 38.
Segundo a secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedes), Reni Oliveira, 21 famílias estão sendo acompanhadas pelas equipes. “6 famílias foram encaminhadas para os alojamentos, onde elas devem ficar de dois a três dias por conta da fumaça. Quando chegamos no local, mais famílias foram identificadas”, afirmou. De acordo com moradores, cerca de 50 famílias foram atingidas pelas fumaças.
Quem não foi para o abrigo, recebeu alguns colchões das equipes da prefeitura. Eles dormiram em casas de parentes e amigos. Apesar do bloqueio na rua, alguns moradores desafiavam a fumaça para pegar seus bens nas residências. “Eu não me arrisco no meio dessa fumaça. Se ficar muito tempo você pode desmaiar, é muito perigoso”, afirmou um morador.
Eles aguardavam a chegada dos agentes para a entrega de água e mantimentos. Eles contam que as equipes da Sedes tinham combinado de estar no local às 09h (de ontem). “Estamos tentando contato com eles para conseguir água e comida e ainda não conseguimos”, conta uma moradora que não quis se identificar.
A reportagem estava no local e registrou a chegada dos agentes um pouco antes das 11h de ontem. Segundo a secretaria, as equipes estavam prestando assistência para os moradores que estavam nos abrigos antes de chegarem no local. “Nós ficamos aqui ontem (quarta-feira) até às 00h. Antes de vir, a gente precisava de um parecer da Defesa Civil para saber se o retorno às casas seria liberado ainda hoje”, afirmou.
As famílias não estão liberadas para voltarem às suas casas. Não há previsão para o retorno. No momento, eles ainda não conseguem calcular os prejuízos com a situação. “Eu moro com meu marido e a gente ainda não sabe o prejuízo por conta da fumaça. A gente pensa na sujeira que vai ficar e nos alimentos que podem ter estragado”, disse a pintora industrial Jacqueline Borges, 44.
O coordenador da Defesa Civil de Camaçari, Ivanaldo Soares, conta que está planejando ações para prestar assistência no retorno dos moradores. “Vamos olhar as casas e, em caso de necessidade, mandar uma equipe de limpeza para que as pessoas possam retornar em segurança”.
O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 15h de quarta-feira (17) e apesar das chamas estarem controladas, ainda há muita fumaça na região. “A situação depende de vários fatores, como o clima. Em caso de chuva, por exemplo, o incêndio é resolvido de forma mais rápida. Agora nós vamos usar máquinas para revirar o material e fazer o resfriamento”, afirmou.
É recomendado que pessoas que inalaram fumaça procurem um médico para não sofrerem consequências a médio prazo da intoxicação pela fumaça, uma vez que o depósito possui diversos tipos de resíduo, incluindo lixo hospitalar.
A empresa dona dos materiais inflamáveis não foi identificada. “O dono do terreno esteve aqui e disse que alugava o espaço para essa empresa. Ele disse que viria hoje, mas ainda não voltou”, contou Ivanaldo. O homem não deixou dados com as equipes e não foi identificado. A reportagem tentou contato com a empresa Micos, dona da fábrica desativada onde o incêndio começou, mas não obteve resposta.
A Prefeitura de Camaçari afirmou em nota que até a noite de ontem cerca de 70% das chamas tinham sido controladas e não há riscos de evolução. A estimativa é que cerca de 120 mil litros de água foram utilizados para conter as chamas e o fogo atingiu o equivalente a 70% dos resíduos plásticos armazenados no terreno. Os moradores que precisaram sair dos imóveis ainda não foram autorizados a voltar para as casas, devido à fumaça tóxica que continua densa. As famílias que foram retiradas de suas residências foram abrigadas em alojamentos ou deslocadas para casa de parentes.
Conforme a Secretaria do Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedes), o número de famílias assistidas é de 21. Deste número, 15 foram encaminhadas para casa de parentes e/ou amigos. As outras seis famílias, totalizando um número de 27 pessoas, entre crianças, adultos e adolescentes, foram para um alojamento situado no Centro do município.
Estes moradores que estão na casa de parentes e/ou amigos receberam água mineral, 50 refeições e 41 colchões pela Sedes. Até ontem a tarde, os moradores que precisaram sair dos imóveis, que ficam nas proximidades do local, ainda não foram autorizados a voltar para as residências devido a quantidade de fumaça no local, mas a previsão da Defesa Civil de Camaçari é de que o fogo seja debelado até o fim do dia.